sexta-feira, 28 de novembro de 2008

unindo e arrumando com inicio de conclusao 28/11

Introdução
Este trabalho foi desenvolvido como requisito para conclusão da Graduação do Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Centro Universitário Fundação Santo André sob a orientação do Professor Edson Fasano.
No primeiro semestre de 2008 visitamos a escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles localizada no bairro do Heliópolis na periferia do município de São Paulo. Esta escola apresenta um projeto político pedagógico diferenciado, pois pretende fortalecer a relação escola-comunidade, assim a escola seria um centro de liderança comprometido com o saber e juntamente com as outras instituições e lideranças da comunidade, atuaria na formação dos alunos.
Atualmente a “forma” como a escola (tradicional) está estruturada não apresenta mais resultados, a educação dita “tradicional” vêm a cada dia perdendo sentido, já não atende as especificidades de uma sociedade marcada pela diversidade. A escola não é mais a única forma de transmissão de conhecimento, os métodos muitas vezes encontram-se ultrapassados, e os alunos não aceitam mais a simples transmissão de conteúdos.
A principal marca da escola tradicional é a chamada educação bancária, que Paulo Freire sempre se referia, cujo aluno seria meramente passivo, recebendo todo o conteúdo pelo professor sem poder intervir, uma educação voltada para os opressores, se desvinculando do objetivo principal que seria a formação de uma sociedade justa e igualitária.
Vivemos um período em que as transformações são muito rápidas, os meios de comunicação tornam a informação cada vez mais disponível, embora previamente selecionadas pela mídia. A internet, a televisão, o rádio etc , apresentam uma linguagem de fácil acesso, possibilitando que a criança, o jovem, ou o adulto busquem a informação na hora que desejarem.
A escola necessita reorganizar-se para atender os reais interesses de seus alunos e da sociedade, buscando não apenas apropriar-se das novas tecnologias, mas fundamentalmente refletir criticamente sobre as informações recebidas, exercendo um diálogo com o contexto informativo. Portanto mesmo que o aluno tenha acesso á informação, ele sempre precisará de uma orientação e de um diálogo crítico , para não apenas acessar a informações , mas estabelecer um juízo de valores sobre a mesma. Transformar a informação em conhecimento para a vida.
O desenvolvimento de um Projeto Político Pedagógico que venha ao encontro de tal entento, estará contribuindo para a formação do aluno crítico e autônomo que sabe buscar o conhecimento, interiorizando-o e usufruindo dele de forma consciente e prazerosa além de contribuir também na formação do aluno pesquisador.
A escola tem um importante papel junto às comunidades em que estão inseridas: a conscientização e a educação para a cidadania. O conceito de cidadania que utilizamos não se restringe apenas aos direitos e deveres, mas uma cidadania plena , com pessoas conscientes de suas ações e de seu contexto .
Uma escola voltada à cidadania deve basear-se em princípios democráticos e participativos, não apenas em sua gestão administrativa, mas também na gestão curricular, trazendo uma visão diferente de aprendizado.
A educação deve ser igualitária na dimensão do direito, mas diversa no sentido da identidade dos sujeitos, construída dentro de um ambiente coletivo, fora dos níveis hierárquicos, tendo o diálogo como a fundamental estratégia para objetivo do refletir, do analisar, do avaliar os conteúdos, de forma a construir significados. Visto dessa forma, os conteúdos tornam-se elementos constitutivos da intervenção humana no meio social, cultural, enfim econômico.
Todos os alunos, assim seriam personagens principais do seu processo de ensino-aprendizagem, na busca de um ensino de melhor qualidade, e de melhorias para a escola e para o seu bairro através da participação coletiva, em reuniões dentro e fora da escola, da inserção social, da criação de conselhos escolares,e através da ajuda na elaboração e concretização do projeto político pedagógico, todos juntos na busca de uma escola verdadeiramente democrática.
Também podemos observar que o protagonismo deve estar presente nas relações didáticas construídas na sala de aula, em que a realidade sócio-cultural dos educandos seja tematizada.
O projeto da EMEF Campos Salles está em fase de implantação. A escola iniciou o projeto na escola em 1996, após estudo e observação do Projeto Político Pedagógico da escola municipal desembargador Amorim Lima, localizada no bairro do Butantã em São Paulo. Segundo o diretor da EMEF Campos Sales, inicialmente há um trabalho de conscientização e adaptação tanto dos alunos quanto dos funcionários.
Compreendemos que a construção do Projeto Político Pedagógico de uma Unidade Escolar, deve constituir-se de forma coletiva, mas nem por isso sem conflitos. O debate entre as diferentes concepções , bem como a explicitação do sentido da escola e sua relação com a sociedade, estão sempre tencionando o diálogo. Destacamos também, que o processo instituinte de qualquer projeto constitui-se dialeticamente, sem a existência de um estado final.
Esta nova proposta nos chamou atenção visto que em nossas experiências como alunas, a escola era sempre imersa em uma ilha, totalmente fora do contexto de sua comunidade, e de seus problemas.
Uma escola que parecia ser anexa a realidade, sendo apenas importante a transmissão do conhecimento científico, as notas, a avaliação.
A vida da comunidade ao redor da escola tradicional nunca foi de seu interesse e nem fazia parte do seu currículo escolar.
Acreditamos que este tema apresenta uma grande importância para o cenário atual da Educação Brasileira, pois por meio da integração escola comunidade será possível melhorar bastante a qualidade do ensino e da aprendizagem de crianças, jovens e adultos, bem como a qualidade de vida dos moradores desta comunidade. Engajados dentro da escola, melhorando a organização escolar, através de princípios de Gestão Democrática e participativa, cada membro da comunidade teria sua importância e um espaço aberto para dialogar, propor melhorias na escola e na comunidade .
Destacamos que a participação da comunidade na vida escolar precisa ser compreendida em diferentes dimensões, especialmente voltada a potencialização do currículo. O reconhecimento do direito à voz e decisão sobre o cotidiano escolar, bem como sobre o conteúdo e as relações didáticas, estão voltadas à construção do mundo comum, ou seja, da dimensão políticas do ser humano. Dessa forma, a participação não pode ser vista apenas como um instrumento de gestão, mas fundamentalmente com um processo intencional de formação.
O bairro do Heliópolis possui 125 mil habitantes ocupando um milhão de metros quadrados, sendo que 52% de sua população está entre 0 a 25 anos. Caracteriza-se, também, por sua extrema pobreza e insuficiência de recursos sociais para atender as necessidades da população local . A comunidade não dispõe de área de lazer, esporte e cultura. A cada dez adolescentes de Heliópolis, seis encontram-se desempregados e quatro não freqüentam a escola . A maior causa de morte entre jovens de doze a vinte anos é o homicídio causado pelo tráfico de drogas.
Conforme explicitamos, o tráfico de drogas, a exclusão social, a falta de oportunidades e perspectivas, são problemas enfrentados pela comunidade. Muitos destes problemas levaram e ainda levam muitos jovens a abandonar a escola.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles se defronta com esta realidade, assim como tantas outras escolas públicas localizadas em áreas de exclusão social.
Em via de regra, nos bolsões de miséria das grandes cidades, encontramos uma ausência de políticas públicas, bem como do próprio Estado, possibilitando o domínio do poder paralelo, tráfico de drogas, milícias, forças para militares etc. Ocorre uma “inversão de valores” e as crianças e adolescentes crescem já conhecendo e convivendo com esta realidade, ocasionando a marginalidade, os crimes, o trabalho infantil entre outras coisas.
A escola não pode mais fechar-se perante os problemas sociais, pois estes já estão batendo a sua porta, invadindo os seus muros.
Assistimos aos noticiários e ouvimos dezenas de casos de violência na escola, ocasionadas por fatores externos e internos. Alunos que chegam ao ensino médio e não sabem ler, a ausência ou ineficácia dos programas de orientação sexual, ocasionando a gravidez precoce, o tráfico de drogas interferindo cada vez mais no dia a dia dos alunos e de suas famílias .
Por sua vez, muitos docentes acreditam ser possível não se envolver com tais problemáticas, procurando formar os alunos para a mera reprodução de conteúdos, deixando de cumprir um de seus papéis, o de formar cidadãos melhores e mais conscientes dos problemas sociais e políticos que acercam o seu país.
A escola Campos Salles encontrou uma solução para os problemas pelos quais passava, a democratização das relações e a atuação desta na comunidade. Procura estar ciente dos problemas sociais dos seus alunos. Os professores, nessa concepção, trabalham juntos na sala de aula. Professores de todas as disciplinas exercem o papel de mediadores do conhecimento, proporcionando vários meios de aprendizagem, pesquisando junto com o aluno, e interferindo nas horas necessárias, respeitando a heterogeneidade da classe e o ritmo de cada um.
Nesta proposta o currículo escolar deixa de ser algo estático e totalmente imposto e passa a ser feito a partir de roteiros de estudo ou temáticos que englobam várias disciplinas. Tais roteiros são compreendidos não de forma isolada, mas de maneira interligada, de forma que o aluno perceba que todas as matérias se relacionam e estabelecem importantíssima conexão. Assim, através da interdisciplinaridade o educando consegue enxergar melhor as disciplinas como também consegue relacioná-las e aplicá-las em sua vida.
O educando também torna-se mais pesquisador buscando o conhecimento além da sala de aula, através de pesquisas e da ajuda entre os próprios colegas.
O problema que colocamos para a referida pesquisa é : que mudanças podem ser observadas na formação de alunos que vivenciam um projeto de integração Escola- Comunidade? Será que se tornam alunos mais críticos, autônomos e participativos?
A atualidade exige uma nova concepção de educação, não separando-a da prática social . É necessário repensar as relações de poder, superando a rigidez dos níveis hierárquicos e centrando-se nas diferentes esferas de responsabilidade. Deve garantir relações interpessoais entre sujeitos iguais em direitos, mas ao mesmo tempo diferentes em suas identidades, para que possam se comunicar como atores sociais.
A escola já demonstra resultados significativos, graças a participação da comunidade na escola, da divisão de tarefas e do currículo voltado aos interesses dos alunos, o que está tornando cada vez mais a EMEF Campos Salles em uma escola verdadeiramente democrática, melhorando a qualidade do ensino, o índice de evasão, bem como reduzindo-se os índices de criminalidade que envolvem seus alunos. Assim ao observamos a escola EMEF Campos Salles foi possível que notássemos a importância que a comunidade exerce dentro e fora da escola, podendo contribuir para com a formação destes alunos
Observamos que escola e comunidade atuando em conjunto, as mesmas só tem a ganhar. O contato permanente entre professor e aluno, escola e comunidade, tem possibilitados um conhecimento mútuo, aproximando também as necessidades dos alunos dos conteúdos ensinados pelos professores. Observamos, na escola objeto do nosso estudo, que o objetivo maior passou a ser a melhoria da qualidade das práticas pedagógicas . A participação da comunidade na escola, refletindo sobre o uso dos recursos disponíveis, definindo os objetivos educacionais considerados mais adequados para os alunos, selecionando e organizando os conteúdos a serem ensinados e distribuídos ao longo do tempo disponível, prevendo as formas de avaliação, transformou as relações burocráticas em mecanismos democráticos para a construção da cidadania . Esta escola é adepta dos princípios de liberdade e autonomia dos alunos, realiza projetos de inserção social como a Caminhada pela Paz, mostras culturais, aulas de Karatê, projetos que visam a busca da melhoria de condições de vida da população, assim como a redução da violência. Realizamos entrevistas com um representante de cada segmento, pais, alunos, comunidade, professores, funcionários e direção. Estas entrevistas do tipo qualitativa não tiveram por o objetivo julgar as representações que os protagonistas realizam do projeto, mas identificar as diferentes opiniões, salientando contudo, a grande importância de cada um para um melhor desenvolvimento e desempenho deste trabalho. É de suma importância tratarmos a educação, de forma otimista, mas crítica, traçando metas e desafios crescentes e tangíveis. Projetos como da interdisciplinaridade , a inserção da comunidade e dos alunos na participação e execução de atividades escolares, são possibilidades reais para a construção de uma educação de boa qualidade.
Ao adotarmos a prática interdisciplinar na escola, principalmente em sala de aula, assim como ocorre na EMEF Campos Salles, envolvemos todos os educadores de diferentes formações, alunos, e demais funcionários da equipe escolar, conseguindo envolver e articular até mesmo os temas transversais às disciplinas. Assim professores e alunos compartilham o aprendizado e constroem juntos o conhecimento. Para analisar o problema apresentado acima, iremos discutir o Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles e sua interface com o contextos sócio-econômico do bairro , observações sobre a comunidade, entrevistas e relatos de moradores, alunos e professores. Iremos confrontar o campo conceitual com a prática da escola também.
Os princípios desta escola nos trazem a refletir alguns autores, que utilizaremos em nossa referência teórica como: Moacyr Gadotti e José Eustáquio Romão na discussão sobre a Escola Cidadã, propostas e desafios diante da modificação da Educação Brasileira frente ao ideal de uma escola mais democrática, e com a participação de todos. Cezar Munhoz em seu livro Pedagogia da Vida Cotidiana, que relata a importância de articularmos a dimensão da vida social com a dimensão da vida pessoal, fator importantíssimo para o protagonismo e para ampliar a visão de mundo dos educandos. Vitor Henrique Paro, no seu livro Gestão Democrática da Escola Pública cujo tema central é a problemática que envolve a escola no âmbito da gestão escolar, e do poder hierarquizado, defendendo uma escola mais democrática, Nilson José Machado em seu livro Projeto Escolar: Educação e Valores, discutindo a interdisciplinaridade e a teoria das redes de conhecimento, Mônica Abranches em seu livro O Colegiado Escolar, que aborda temas referentes a participação comunitária na escola,e o livro Projeto Político Pedagógico da Escola uma construção possível, Ilma Passos Alencar Veigas(Org), que relata sobre a construção do projeto político pedagógico em escolas.





Capitulo I: Rumo à escola libertadora?

Vivemos em uma sociedade estruturada de forma hierárquica,aonde desde pequenos fomos educados a prestar obediência e a reconhecer a hierarquia da sociedade.
Há uma hierarquia na família, ( pai, mãe e por último os filhos, estes devem obediência aos pais e perante a lei os pais são seus responsáveis legais), na escola temos uma hierarquia mais complexa que a da família, ( o aluno deve obediência aos professores e estes devem obedecer aos seus coordenadores que devem obedecer a seus superiores) no campo profissional, no nosso sistema de governo.
Fomos ensinados desde pequenos a obedecer aos nossos superiores, a nunca questionar as decisões tomadas, isto reflete na forma de agirmos como cidadãos.
Elegemos prefeitos, senadores, governadores e presidentes, mas participamos pouco das decisões tomadas por eles, estas decisões que nos afetam diretamente.
Não questionamos, não agimos perante os problemas que estão diretamente ligados a nós, ao contrário não vemos estes problemas, ignoramos, nos tornando passivos na sociedade.
Cesar Muñhoz divide a sociedade em duas partes; marginalizadas e a não-marginalizadas, a sociedade marginalizada é composta pelos que possuem grandes problemas e necessidades, as não-marginalizadas são os que oferecem, e organizam.
Karl Marx dividiu a sociedade em burguesia e proletariados, os burgueses a minoria da sociedade que detém a riqueza e exploram e os proletariados que são a maioria da sociedade detêm a força de trabalho e são os explorados.
De uma forma mais simples, os dois autores admitem que em nossa sociedade há um que manda e outro que obedece, mas isto não é explicito, nesta linha há outros atores que fazem parte desta situação.
Paulo Freire relata sobre os sistemas de governo Brasileiros como sendo uma sociedade “fechada”, a um centro do poder e o homem como apenas mais uma peça da sociedade.
Sua vida se resume a autosobrevivência, ao seu próprio eu, não tomando consciência da coletividade, não entendendo sua sociedade.
Nesta sociedade não se tem consciência da exploração e de quem explora, há um fetichismo da realidade. Há problemas sociais (estes estão relacionados a classes sociais de baixa renda) que não aparecem nas discussões da mídia e do governo, ficam sempre no periférico, não há um aprofundamento dos problemas e as soluções colocadas caem no assistencialismo.
A ideologia dominante tem forte poder perante os homens, estes que por sua vez sentem-se incapazes de questionar, opinar e tentar modificar sua situação permanecendo passivos e acomodados diante da sua própria realidade.
Assim, a escola acaba sendo uma reprodutora da ideologia dominante, com uma maneira capitalista de se pensar a realidade, preparando os alunos para aceitarem estes ideais, mas ao mesmo tempo, oferecendo uma base para tornar os aluno mais críticos e menos alienados, tornando-se uma via de mãos duplas.
No âmbito profissional na escola, a figura máxima de autoridade esta detida pelo diretor, ou pelo setor de administração que é composto por diretores, orientadores e coordenadores, são eles que respondem para a Diretoria de ensino que por sua vez esta subordinada a Secretaria Municipal de Educação.
A forma de organização da sociedade, reflete de forma muito clara na escola, que esta separada através de subdivisões, desde a direção, coordenação, até os grupos de apoio refletindo assim na visão de sociedade e de espaços da criança.
A criança depara-se com um universo, repleto de imposições, regras, normas e orientações que é obrigada a cumprir, também percebe-se como parte daquele todo, mas uma parte pequena, visto que está ali somente para obedecer, não obtendo espaço aberto para dialogar, criticar ou opinar.
Este visão de aluno está ligada a visão de criança que a sociedade tem, apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente colocar a criança como sujeito de direito, ainda não enxergamos a criança como sujeito capaz, a criança não tem voz ativa é vista como algo bonito e inocente, não dotada de pensamentos próprios.
O estatuto da criança e do adolescente em se artigo abaixo citado prevê:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Este direito não lhes é negado, mas algumas barreiras e impedimentos são deixados diante desta lei, a escola como exemplo mesmo que tenha a proposta de uma integração entre a comunidade, muitas vezes enxerga a comunidade como sendo algo de fora, e não enxerga o seu verdadeiro valor, de cidadãos, de pessoas que realmente merecem serem ouvidas, que merecem participar e contribuir para uma melhoria efetiva da escola, assim como também desvalorizam as crianças sem lhes dar voz ativa e importância, como se elas não possuíssem capacidade para propor e melhorar a sua realidade escolar e consecutivamente a sua realidade social.
Em relação a divisão da nossa sociedade, Cesar Muñoz relata que, a criança é marginalizada, pois está a margem da sociedade que esta inserida, não só a criança mas segundo o autor todos que tem grandes necessidades e problemas.
Podemos incluir; mulheres, negros, pobres, crianças, adolescentes, pessoas que moram nos bairros carentes, assalariados entre outros, todos que são reprimidos pela sociedade.
Assim, de acordo com Paulo Freire o educando torna-se um ser passivo, mesmo reconhecendo algumas desigualdades, ele se acomoda e aceita, pelo simples fato de perceber que em sua sociedade há pouco ou nenhum espaço para ele expressar suas opiniões.
Isto ocasiona também a alienação, pois para a criança a escola, assim como a família são referenciais fortes, para sua vida e muitas vezes ela pode repetir este tipo de visão até a vida adulta, tornando-se um adulto sem espírito crítico, sem autonomia, um mero reprodutor daquilo que vivenciou em seus anos escolares e na sociedade em que viveu.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais :
“...Este é o sentido da autonomia como principio didático geral proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais: uma opção metodológica que considera a atuação do aluno na construção de seus próprios conhecimentos, valoriza suas experiências, seus conhecimentos prévios e a integração professor- aluno e aluno-aluno, buscando essencialmente a passagem progressiva de situações em que o aluno é dirigido por outrem a situações dirigidas pelo próprio aluno...”(p.94, 2000)
Este seria um ideal diante da realidade das escolas Brasileiras.
Para sair deste estado de alienação é preciso a conscientização sobre a realidade que se encontra.
Para Paulo Freire esta transformação do homem só se dará através da educação, a integração do homem com o homem assim ele poderia sair da alienação que está inserido e aos poucos reconhecer-se como sujeito autônomo.
Sair da consciência intransitiva, que segundo Paulo Freire; “se caracteriza pela quase centralização dos interesses do homem em torno de formas mais vegetativas de vida”(P.67 Freire 2006) ou seja o homem “fechado” nele mesmo para a consciência critica que é “caracterizada pela profundidade na interpretação dos problemas” (P.69 Freire 2006).
Paulo Freire afirma, a partir das relações do homem com o meio em que vive, que ele poderá criar e recriar, movendo o mundo ao seu redor.
O homem poderá tornar-se critico, porém o homem moderno vive em uma cidade em que a ideologia da parte dominante faz com que o homem fique impotente, diante dos problemas que o afeta, tornando-se um objeto do sistema, fazendo parte e tomando para si a ideologia imposta.
Tanto Paulo Freire quando Nilson José Machado acreditam no trabalho coletivo como fundamental para libertar da alienação:
Segundo Nilson Machado:
“(...) necessidade de articulação, de solidariedade, de compromisso entre projetos individuais e coletivos é sempre fundamental (...)uma harmonia entre o projeto institucional e os projetos pessoais que alimentamos(...) (P. 86, 2006).
Paulo Freire explora o tema com mais profundidade acreditando na coletividade como forma de transformação do homem, esta que só ocorreria através da educação, tornando o homem mais autônomo.
Assim de acordo com José Eustáquio Romão:
“ A escola não é somente uma instituição aferidora e classificadora: ela é, sobretudo, repetindo , um espaço de organização da reflexão sobre as determinações sociais e de instrumentalização dos alunos, para que interferindo nessa realidade de forma diferente da que vinham fazendo, construam sua própria cidadania, isto é, contribuam completamente, por meio do sistema produtivo, para a expansão quantitativa e qualitativa do produto social, e participem, equitativamente, de seu usufruto.” (pg. 109, ANO)
A educação é fundamental para mudar a sociedade atual. Conscientizar a população de seus problemas, com uma educação que seu objetivo maior seja a educação para a cidadania, com o objetivo de prover a autonomia, ensinando os educandos a serem autônomos para enfrentarem os problemas sociais, transformando e questionando sua realidade.
Segundo Paulo Freire a educação abriria os horizontes do mundo, devendo ser transformadora, para que o homem tome consciência que ele é sujeito de ação par mudar o mundo ao seu redor.
Para Moacir Gadotti a educação para a cidadania é permitir a participação dos indivíduos no processo de decisão.
A escola seria o principal ambiente para esta transformação social, educando os alunos que posteriormente instruiriam seus familiares a serem cidadãos melhores, mais críticos e participativos, podendo assim, contribuir com a mudança da sociedade.
Segundo Romão a educação é pública e voltada para a autonomia, faz parte de um grande sistema unificado, em que todas as escolas possuiriam as mesmas condições de infra-estrutura e recursos, cada escola possuiria suas diferenças de acordo com as especificidades locais e culturais.
Tanto Paulo Freire como Moacir Gadotti acreditam que a escola deve ter coragem, pois não basta formar o homem critico é preciso ensiná-lo a enfrentar o sistema opressor. A escola ganharia um papel fundamental na sociedade de agente transformador, com grande força social.
“ Nesse momento, lutar por uma escola autônoma é lutar por uma escola que protege com ela, uma outra sociedade” (Gadotti, P. 48, ANO)
Para Vitor Paro a escola seria o principal ambiente de transformação e difusão desta mudança, para uma escola transformadora precisamos modificar primeiramente ao nosso redor, nossa escola, esta mudança só acontecerá com a união entre a escola e a comunidade em busca de um objetivo mais amplo que é a melhoria da educação. Mas quem dará o primeiro passo?
Vitor Henrique Paro responde a questão:
“Se a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade participar da escola?” (P.27, ANO)
Para Gadotti educar para a cidadania seria permitir a participação do individuo na tomada de decisões, ou seja, tornar o aluno personagem central do seu processo de ensino e aprendizagem, facilitando o desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades, ajudando a pensar na aprendizagem de forma participativa, assim todos teriam responsabilidades com a aprendizagem possibilitando também uma auto avaliação.
Segundo Moacir Gadotti;
“A educação para a cidadania dá se na participação no processo de tomada de decisão” (P.49 ANO)
Entender que educar para a cidadania é um tema amplo que requer a colaboração e a participação de todos, neste conceito de cidadania os alunos aprenderiam a ser autônomos,a serem críticos e participativos em todas as instâncias, não somente no âmbito escolar como também em sua vida social, aprenderiam diante de uma relação de troca uma relação dialética e recíproca, onde não teria limites entre o ensinar e o aprender, seria uma relação constante, e infinita, aonde cada educando e educador seria parte integrante do seu aprendizado e dotado de direitos e deveres, seria também uma relação baseada no respeito mútuo, nas especificidades de cada um, independente de raça, cultura, religião etc.
Para esta escola democrática, participativa onde o aluno seja autônomo, a escola tem que estar aberta em todos os sentidos.
A democracia deve fazer parte da escola, todos devem entender a escola como parte importante de sua comunidade.
Segundo Romão, o projeto de Paulo Freire na busca da Escola Cidadã visa a constituição de conselhos ou colegiados escolares na qual os órgãos aprenderiam a se organizar, a debater e questionar.
“..O colegiado escolar pode ser o “espaço inicial” da manifestação destas posturas e movimentações não mediatizadas das necessidades que singularizam as populações oprimidas das zonas rurais e das periferias urbanas em seu universo imaginário , e por meio da reflexão coletiva e organizada, lhe permite descobrir o porquê das singularidades ( da multiculturalidade) e atualizar as potencialidades dinâmicas de transformação social...” (AUTOR, P. 68, ANO)
Se a escola é fechada, autoritária, não pode contar com a participação democrática dos alunos, pais e muito menos da comunidade.
A escola só poderá contar com mudanças se os grupos envolvidos tomarem consciência das dificuldades da comunidade que esta escola esta inserida, a tomada de consciência exigiria a democratização das informações, não só a democratização, mas a discussão a troca de conhecimento para assim encontrar soluções e estratégias, que de acordo com Paulo freire deve criar e recriar, neste contexto a comunidade sairia da consciência instrasitiva para a consciência transitiva para chegar a consciência critica.
A escola deve fazer seu papel de transformadora em libertar o cidadão, com uma educação voltada para o diálogo e para a participação na tomada de decisões.
Os autores Paulo Freire e Nilson Machado acreditam, como foi dito acima em uma educação coletiva, que o individuo aprende em sua comunidade.Uma educação que abra os horizontes do mundo, transformadora, e segundo Freire, utópica uma educação que mude seu modo de vida e de participação na sua comunidade.
Temos que preparar os jovens para o mundo atual, e não apenas para passarem no vestibular, educar para vida, para o mundo que irão enfrentar, com problemas e desafios. A escola tem uma grande responsabilidade social uma grande importância na sociedade, exercendo o papel de agente transformador.
A educação deve ser articulada com a vida do educando, gerando o conhecimento interligado a prática, este conhecimento a serviço dos problemas dos educandos e a serviço da comunidade que está inserido.
Assim além da interdisciplinaridade seria necessário articularmos nossas experiências práticas com nossa vida escolar, isto seria bom para o melhor funcionamento da nossa prática social, o mesmo pode ocorrer com a escola, seguindo a amplitude da interdisciplinaridade o aluno poderá enxergar em suas experiências diárias, atitudes, fatos que poderão estar relacionados aos conhecimentos teóricos que adquiriu na escola.
Nilson José Machado e Vítor Henrique Paro relatam aspectos importantes ligados ao conhecimento prévio, a interdisciplinaridade que Paulo Freire também citava, a respeito da importância do conhecimento do contorno ecológico, social e econômico em que vivemos e trabalhamos como educadores, é o saber teórico que se junta ao saber teórico-prático da realidade concreta em que os alunos vivem, podendo assim questionar os problemas de moradia, transporte, saúde, alimentação, lazer e o meio social que envolve a todos, portanto longe de uma educação bancária a qual o autor sempre se referia, nesta relação interdisciplinar educador e educando estariam em um processo de aprendizagem mútua e global, e este processo ajudaria na melhoria da comunidade que acerca a escola.
As aprendizagens prévias portanto devem ser consideradas, pois constituem-se em instrumentos de leituras e interpretação, impostas como condição para novas aprendizagens, as quais requerem ação por parte do aluno.
Assim de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:
“..Os conhecimentos que se transmitem e se recriam na escola ganham sentido quando são produtos de uma construção dinâmica que se opera na interação constante entre o saber escolar e os demais saberes, entre o que o aluno aprende na escola e o que ele traz para a escola, num processo contínuo e permanente de aquisição, no qual interferem fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos...”(P.46, 2000)
O professor deve ser o mediador do processo que resgatará as concepções espontâneas de seus alunos, ou seja as experiências de vida, a aprendizagem assistemática, os estudos na própria escola, para inteirá-las as suas e as contidas nos documentos de referência (livros, revistas cientificas, etc.) para construção do conhecimento científico., abandonando assim a figura de ser um mero transmissor de conhecimentos para ser mais um orientador, um estimulador de todos os processos que levam os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades que lhes permitam crescer como pessoas, como cidadãos e futuros trabalhadores, desempenhando uma influência verdadeiramente construtiva.
A Educação não deve apenas formar trabalhadores para as exigências do mercado de trabalho, mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado de exploração em um mercado que valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é imprescindível proporcionar aos educandos uma compreensão racional do mundo que o cerca, levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente que ocupa.
Educadores e educadoras precisam engajar-se socialmente e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista.
Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas.
Para Freire o professor tem um papel fundamental na escola, pois ele é o agente difusor da mudança, de uma nova realidade de uma nova pedagogia
Assim sendo o aluno inicia uma nova aprendizagem escolar sempre a partir de conceitos, concepções, representações e conhecimentos que construiu em experiências anteriores, podendo contudo modificar a realidade existente.
A escola portanto deveria servIr ao aluno como parte de sua construção de vida, do todo, não como parte isolada e fragmentada, onde não se aplica o conhecimento obtido pelas disciplinas ao seu cotidiano.
Segundo Mônica Abranches em seu livro O Colegiado Escolar .a escola portanto seria uma das instâncias que circulam os mais variados interesses sociais, responsáveis pela formação da cidadania, formação de indivíduos, portanto sendo imprescindível a participação de todos em vários setores da comunidade e sua responsabilidade.
Em algumas escolas podemos citar a situação de precariedade que vivem alguns professores, devido aos baixos salários, pouco estímulos, jornadas duplas, etc, isto ocasiona um desânimo, que acaba refletindo no trabalho pedagógico do professor e até mesmo na desistência deles em participar de projetos e propostas diferenciadas.
Se queremos alcançar a educação utópica de Paulo Freire, uma escola democrática, uma escola cidadã, uma escola que se auto-administre, a produção dos conhecimentos escolares não podem ficar presos ou isolados na escola.
Segundo Moacir Gadotti;
“...a autogestão pedagógica é apenas uma preparação para a autogestão social...” P.18 GADOTTI.
Ou seja a escola, serve de base pára as crianças e se nela a criança encontra espaço para participar, opinar, em sua vida em conjunto com sua comunidade será mais fácil de se aplicar a autogestão participativa.
Para compreendermos a importância da integração da comunidade junto à escola, precisamos em um primeiro momento definir o significado da palavra “participação” que ganha bastante relevância ao que se refere às ações desenvolvidas nos aspectos da relação escola-comunidade.
A participação da comunidade nos mais diversos setores de instituição pública ou privada está sendo discutida e incentivada por muitos profissionais e teóricos de diversas áreas.
A organização da comunidade, é uma forma, um meio pelo qual os indivíduos ou a coletividade, influenciam os destinos das organizações. Seria uma foram de facilitar para que a população tenha um crescimento de sua consciência crítica, fortalecendo seu poder de reivindicação e para obter mais poder na sociedade.
Segundo Moacir Gadotti, o princípio da gestão democrática e a autonomia da escola se fazem com a participação e a democratização do sistema de ensino como forma mais prática de formação da cidadania.
A legislação educacional brasileira permite à comunidade escolar uma abertura de espaços para que possa iniciar um processo de participação na educação, citando ‘ A gestão democrática do ensino público...’(Art.206,inciso VI), e o artigo 53 da Lei n°8.069 /90, Estatuto da Criança e do Adolescente que diz :
“... direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”.(anotar outra lei)
Todo este aparato legal nos mostra a possibilidade da comunidade participar da gestão escolar.
Alguns requisitos seriam necessários na busca de uma escola melhor, mais participativa e realmente preocupada com os problemas que acercam, uma escola mais cidadã.
Primeiramente é de fundamental importância relatarmos ao que se refere o conceito de escola cidadã.
Nesta concepção de escola, o aluno seria sujeito da sua própria aprendizagem, atuando de modo inteligente, em busca da compreensão do mundo que o rodeia, criando e coordenando relações entre acontecimentos e objetos nos quais interage, portanto de forma alguma este aluno seria um elemento passivo, e nem o professor um simples difusor de um conhecimento repetitivo, pré-produzido e supostamente definitivo, nesta perspectiva o ser humano seria visto como algo em constante modificação, não sendo algo estático, pronto e acabado.
Segundo o MEC, Desporto da secretária da Educação a Distância, o Projeto Político Pedagógico deve ser construído com a colaboração de todos, escola, comunidade, alunos e os demais segmentos, todos na busca de uma escola mais democrática e participativa, portanto poderiam ser utilizados instrumentos de sondagem na própria comunidade para considerar todos os elementos que podem influenciar no processo educativo.

Segundo Vitor Henrique Paro a comunidade deve participar da gestão da escola para representar as suas reais necessidades, propor idéias para melhoria da comunidade e da escola, pois só assim a escola irá melhorar em vários aspectos e ultrapassar as imposições feitas pelo Estado.
“...a comunidade participa efetivamente da gestão da escola de modo a que esta ganhe autonomia em relação aos interesses dominantes representados pelo Estado...”P.40 Vitor Paro.
Paulo Freire dizia que ‘mudar a cara da escola pública implica também ouvir meninos e meninas, sociedades de bairro, pais, mães, diretoras, delegados de ensino, professoras, supervisoras, comunidade científica, zeladores, merendeiras (...). (1991, pág.35-37).
Para que a comunidade entre dentro da escola, possa ampliar a sua forma de participação, determinando um novo relacionamento com o espaço público, é preciso que esteja envolvida nas decisões para contribuir na elaboração, execução e controle nas atividades desenvolvidas no meio escolar.
Paro afirma
“... Entre os membros da população usuária da escola, foi possível perceber a consciência de alguns sobre o desinteresse do pessoal da escola em participar dos problemas da comunidade onde ela se encontra...”p.27.
Em algumas escolas podemos citar a situação de precariedade que vivem alguns professores, devido aos baixos salários, pouco estímulos, jornadas duplas, etc, isto ocasiona um desânimo, que acaba refletindo no trabalho pedagógico do professor e até mesmo na desistência deles em participar de projetos e propostas diferenciadas, assim é possível entender o porquê de muitas experiências não se concretizaram, pela falta de participação, devido à resistência de professores e coordenadores, pois os novos projetos representam uma atividade não remunerada além de ter a ausência progressiva dos pais, gerando outra vez um desestímulo, deixando assim o poder político tomando conta da participação comunitária
Para Nilson o Professor não deve criar projetos para os alunos, cada um tem seu ritmo suas diferenças, devemos incentivá-los, motivá-los a ultrapassarem seus limites respeitando a sua opinião, o seu ritmo, trabalhando sua autonomia.
Para Paulo Freire o professor deve ter uma nova postura na sala de aula, discutir, exigir a reinvenção, trabalhar sobre o educando.
O Papel do professor e de mediador, promovendo o entendimento das diferenças, não camuflando os conflitos e nem sendo um reprodutor das diferenças.

Para o envolvimento da comunidade nas ações da escola, deve-se determinar a forma, a representatividade, os meios de reforços e o impacto dessa participação no desenvolvimento da educação ou da educação no desenvolvimento nesta comunidade.
Paro ainda diz :
“A participação da comunidade na escola como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação”. Pág.17-18.
Seria necessário investigar as reais necessidades da escola e da comunidade para traçar metas que mesmo em longo prazo, possam concretizar uma ação efetiva e necessária para ambas, mesmo que isso requeira paciência, mas que pelo lado positivo possibilita a cooperação de todos.
Citando Gadotti:
“valorização da cultura da sua própria comunidade... Ampliar a autonomia da escola significa também estimular a criatividade e a inventividade social” pg.42-43.
Entendemos que quando uma escola valoriza a cultura da comunidade analisando seus problemas do cotidiano, contribui-se para que essa comunidade se expresse e desenvolva sua criatividade, tomando consciência da necessidade de mudança da realidade que está inserida, fortalecendo o trabalho escolar e possibilitando a transformação na sociedade.
Uma forma eficiente e necessária de participação da comunidade na escola é a sua colaboração na construção do projeto político pedagógico que acontece por meio da sua participação no Conselho de Escola.
O MEC e o Desporto da Secretaria de Educação a Distancia afirmam que:
“Por meio do Conselho de Escola, a população poderá controlar a qualidade de um serviço prestado pelo Estado, ou seja, poderá definir e acompanhar a educação que lhe é oferecida”.Pág.44.
Nesta passagem, esclarecem que se a população participa e se envolve nos diversos assuntos escolares, ela promove idéias e consegue ir de encontro ao governo para reivindicar seus direitos e o que busca para sua região, tanto em questões sociais como políticas e educacionais.A comunidade tem maiores chances de conquistar seu espaço, lutar e fazer sua própria história participando de forma mais efetiva através das APMS e o do Conselho de Escola, mas também precisa estar aberta para que isso ocorra, não se envolvendo apenas de forma assistencialista ou somente por condição de tempo.
Segundo César Munõz, “Uma nação é democrática na medida que seus cidadãos participam, especialmente em nível comunitário. A confiança e a competência para participar devem ser adquiridas gradativamente com a prática”.Pág8.Participando todos em ações concretas permite-se a construção de um país democrático.Munõz cita também que “Participação Cidadã é sinônimo de partilha das decisões que afetam a própria vida do indivíduo e da comunidade”.
A educação será sempre de essencial importância para contribuir com o despertar dos cidadãos para se tornarem conscientes de seus reais direitos e deveres, e em se tratando de conscientização consideramos o que Paulo Freire ratifica em seu entendimento “contra toda a força do discurso fatalista neoliberal... como um esforço de conhecimento crítico dos obstáculos”.Esta pedagogia da conscientização possibilita a superação das práticas tradicionalmente instituídas e usualmente inquestionadas.Quando desenvolvemos ações em um espaço entre o sonhado e o realizado, abrimos possibilidades para construírem propostas transformadoras que ainda não foram inventadas, mas que são possíveis e plenamente viáveis.
Para Mônica Abranches através desta integração,participando, atuando,nas decisões, ainda necessitaríamos quebrar alguns desafios, diante da falta de informações, conhecimentos, melhor preparação política, para que assim pudessem interferir, ouvir, ver e exercitar a sua cidadania nos diferentes campos.

Participar não deve significar colaborar mas sim exercer.
Com a intensa participação na escola, a visão torna-se específica, e o apoio geral, melhorando significamente a relação da escola com a comunidade, dos pais com seus filhos,etc.
Capitulo II: Análise do Projeto Político Pedagógico da escola e a Participação da Comunidade.

Neste Capítulo apresentaremos uma análise da participação da comunidade na construção do Projeto Político-Pedagógico da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles do ano de 2007, respondendo algumas questões centrais, como, qual é a participação da comunidade na elaboração do Projeto Político Pedagógico e qual a sua importância?.
Começamos a pesquisa de campo através de nosso estágio de observação realizado na escola Campos Salles no começo do mês de outubro deste ano (2008), no qual solicitamos o Projeto Político-Pedagógico deste mesmo ano, para análise documental e para integrá-lo ao nosso trabalho de pesquisa.
De início a coordenadora nos mostrou uma pasta grande com vários papéis que segundo ela seriam o PPP do ano de 2008 que ainda não estava pronto, por este motivo nos entregou para análise o Projeto Político Pedagógico de 2007, este que não poderia sair da unidade ou tirar fotocópia, portanto tivemos que realizar toda a análise documental na unidade escolar.
Para Veigas, o Projeto Político Pedagógico é uma ação intencional definida coletivamente que busca um rumo, uma direção e não apenas um “agrupamento de planos de ensino e de atividades” e deve estar em processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola para buscar alternativas que atinjam sua intencionalidade.
A direção da EMEF Presidente Campos Salles consciente da importância de sua integração junto à comunidade, adequando a ela seu trabalho de atendimento educacional para ajudá-la a crescer e enfrentar seus problemas sociais, considerando também a formação do cidadão solidário, responsável e autônomo para sua melhor inserção no ambiente social, vem construindo seu Projeto Político Pedagógico de forma coletiva com a participação de representantes da comunidade e dos membros da escola.
Essa idéia de participação coletiva é citada também no Regimento da escola, artigo 99, subseção I do Conselho de professores
“O conselho de Escola terá natureza deliberativa, cabendo lhe estabelecer para o âmbito da escola diretrizes e critérios gerais relativos à sua ação, organização, funcionamento com a comunidade, compatíveis com as orientações e diretrizes da Política Educacional da Secretaria Municipal de Educação e do Projeto Pedagógico, participando e responsabilizando-se social e coletivamente pela implementação e de suas deliberações.”-(pg.30 2007)

Se o Projeto Político Pedagógico é uma ação coletiva, entendemos como coletivo a comunidade escolar (pais, alunos, professores, funcionários, coordenadores e outras pessoas que moram próximo à escola), como esta coletividade não pode ver o que se foi produzido e planejado com a colaboração deles mesmos? Qual seria a autonomia desta escola na difusão da produção do seu conhecimento?
Segundo o Manual de Normas e Procedimentos da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, na parte sobre o Projeto Político-Pedagógico, diz:
“A LDB confere a cada Unidade Educacional a responsabilidade de elaborar o seu projeto pedagógico, considerando as características que lhe são próprias,a realidade à qual está inserida, respeitada a legislação pertinente em
vigor e as diretrizes da Secretaria Municipal de Educação.”
(...)
Não há regras rígidas para a elaboração do Projeto Pedagógico. Ele deve ser concebido coletivamente por toda comunidade educativa, ter objetivos, metas e prioridades claramente definidas e centradas nos alunos, visando à melhoria da qualidade de ensino e do processo de aprendizagem, favorecer o desenvolvimento das atividades de formação dos educadores e intervir na ação curricular e na organização do espaço e tempo escolares.” ( P. 476, 2007)
Sobre participação da comunidade na tomada de decisão sobre o Projeto, o PPP cita em sua apresentação:
“(...) foi apresentada para as lideranças da comunidade de Heliópolis para um grupo de cem jovens participantes dos projetos da UNAS , para os alunos e professores da Escola.Este processo de apresentação e discussão culminou com a reunião do conselho de escola no dia 27/09/2005.Participaram da reunião mais de sessenta pessoas, sendo que deste número apenas 21 delas eram conselheiras.Este fato é muito importante porque revela a forte relação da escola com a comunidade e que o conselho não se restringe apenas aos 28 membros efetivos que no dia eram 21 pois seis haviam faltado.A reunião teve duração de três horas, foi aprovada pelo voto dos 21 conselheiros, foram feitas restrições à proposta apenas por um professor.” (PPP. P.11 , 2007)
Um Projeto Político-Pedagógico deve atender aos interesses reais e coletivos da população, assumindo um compromisso sociopolítico com o intuito de formar cidadãos para um determinado tipo de sociedade. Sua função pedagógica está relacionada com todas as ações educativas que são realizadas na escola para formação de cidadãos participativos, compromissados, críticos e criativos.
Veigas afirma que a construção deste projeto assume um caráter democrático ao possibilitar a “participação de todos os membros da comunidade escolar e o exercício da cidadania”. Sua concepção está relacionada com a “própria essência do trabalho que a escola desenvolve no âmbito de seu contexto histórico.” (P.?? ANO)
O Projeto Político Pedagógico – PPP foi inspirado nas Escolas: EMEF Desembargador Amorin Lima localizada no bairro do Butantã em São Paulo e na Escola da Ponte em Portugal, as duas escolas apresentam em seu projeto pedagógico uma escola aberta com ideais democráticos e de liberdade, onde o aluno está no centro do processo de ensino.
Os princípios que norteiam o PPP são três; Escola como centro de liderança, Tudo passa pela educação, Relevância da participação da comunidade no projeto político Pedagógico.
A EMEF Presidente Campos Salles em seu Projeto Político-Pedagógico considera outros princípios que são vivenciados “nas atividades desenvolvidas no cotidiano escolar pela maioria dos alunos e também pelos profissionais que trabalham na escola” (P.11 2007) como: Autonomia, Responsabilidade e Solidariedade, princípios estes da escola da Ponte em Portugal.
Para responder a esta e outras perguntas que surgiram com a análise do Projeto Político-Pedagógico da escola, voltamos à escola para realizarmos as entrevistas, dialogando assim com os protagonistas que vivenciam na prática a integração da escola e da comunidade.
A proposta da EMEF Campos Salles foi trocar o método da lousa e livros didático, por roteiros de estudos, que seriam elaborados por uma comissão de professores de diferentes matérias e os alunos não seriam mais separados por paredes físicas e sentados em fileiras um atrás do outro, mas sim agrupados em um grande salão, e sentados em grupo, os alunos, portanto teriam aulas específicas a cada quinze dias e teriam um roteiro de estudos com questões para responder e poderiam neste período contar com a ajuda dos professores de diferentes matérias na resolução do roteiro.
Para a EMEF Campos Salles a integração comunidade escola é considerada também como um dos seus princípios no projeto.
Entendemos que a escola é um sistema complexo e ambíguo e que cada um destes princípios estão ligados aos outros e se estamos defendendo uma escola democrática que entenda seu currículo como um todo sem divisões, compreendemos também que todos os princípios adotados pela escola são também de grande importância para a pesquisa.
No Projeto Político-Pedagógico da EMEF Campos Salles no item 5.12 defende seu papel na comunidade como centro de liderança:
“ Com a pretensão de ser neutra a escola pública, acabou abdicando-se da liderança que havia de exercer na comunidade em que atua.Passou a trabalhar então com um aluno descontextualizado, atuando isoladamente, a escola não é capaz de romper com os roteiros previamente estruturados , com a repetição, com a exclusão social, com os mecanismos da construção psico-social da subalternidade. Como sair desse impasse?” (2007 P.10)
Para a EMEF Presidente Campos Salles é fundamental a participação na comunidade de forma atuante para formar seu aluno como um cidadão participativo na sociedade, a escola entende a educação com intenção política.
Como já dizia Aristóteles:
“O Homem animal político”, pois todas suas ações se dão de forma intencional e nas relações sócias, ou seja há uma intenção premeditada nas relações sociais para atingir determinados fins, no caso da EMEF Campos Salles sua intenção é a formação de seus alunos para um tipo de sociedade, esta formação esta descrita nos objetivos do curso de ensino fundamental e nos objetivos gerais da escola, que podemos resumir na formação de alunos autônomos,críticos e participativos.
Para que isto ocorra a direção da EMEF Presidente Campos Salles, assim como o conjunto de pessoas que compõem a unidade escolar devem vivenciar estes tipos de relações na prática.
A escola tem uma preocupação em inserir a comunidade em seu projeto, durante todo o Projeto Político Pedagógico, as ações são voltadas para esta interação, percebemos que a escola está aberta para a comunidade, para os seus alunos,isto também foi percebido nas observações e visitas realizadas por nós na escola.
Ao chegarmos na escola não encontramos portões fechados, grades ou outra coisa que iniba a fuga dos alunos da escola, o famoso “cabular aula”, ao contrário, os portões permanecem abertos e encontramos alunos dentro da escola, estão lá por que querem estudar, estão por toda parte, na coordenação, no pátio, na sala, inclusive conversando com diretores e coordenadores sempre que necessário, aparentemente não há uma hierarquia e relações de superioridade, mas o que demonstra ocorrer são relações de horizontalidade.
Esta escola não lembra a escola tradicional cheias de grades, muros altos,nos quais cada aluno obedecia sem questionar, uma escola que predominava o medo dos desafios, medo que os alunos fossem embora ou que a violência de fora entrasse na escola.
Consciente da importância de sua integração junto à comunidade, considerando a formação do cidadão solidário, responsável e autônomo para sua melhor inserção no ambiente social, a construção do Projeto Político Pedagógico tem a participação de representantes da comunidade e dos membros da escola.
As regras da escola Campos Salles são as mesmas de qualquer escola, mas os alunos as cumprem, não pelo fato de serem obrigados ou ameaçados por algumas das penalidades tão conhecidas como por exemplo uma advertência ou uma suspensão, a maioria deles cumprem pois sabem o motivo de sua existência, compreendem as regras e atribuem sentido e significado também.
A Lei de Diretrizes e Bases no seu artigo 3º sobre os princípios do ensino nacional, em seus inciso II e IV falam sobre a liberdade de aprender e de expressão;
“ II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância.”
A escola Campos Salles especifica melhor esta liberdade em suas ações, no Projeto Político Pedagógico relata sobre a liberdade:
“Uma pessoa autônoma é uma pessoa livre, mas uma pessoa livre só pode fazer aquilo pelo qual possa responsabilizar-se e o que faz não pode prejudicar o outro” (P. 11, 2007).
A liberdade aqui vem com a responsabilidade, ela não é algo que ganha-se, mas conquista-se, pois a coloca como sinônimo de autonomia. Autonomia como explicamos no capitulo anterior é o sujeito que saí da alienação do mundo capitalista, tem liberdade de suas próprias ações sem as amarras da sociedade alienante.
Como integrar a escola á comunidade e oferecer a estes a participação para opinar nas decisões da escola sem que os alunos sintam-se livres , pois são eles a forma de comunicação mais rápida e eficaz entre a escola e as famílias. A escola antes de abrir-se para a comunidade, primeiramente ela se abriu para os alunos.
A partir de observações que foram realizadas durante o estágio e durante as visitas a escola, notamos que a EMEF Campos Salles quer formar alunos mais autônomos, mais críticos e participativos, não somente no conhecimento teórico, na resolução e pesquisa dos roteiros mas também na resolução de atividades e problemas rotineiros, como por exemplo brigas entre alunos na sala de aula, o uso indevido de aparelhos eletroeletrônicos entre outras coisas, para isto cada sala tem uma comissão que foi eleita, segundo a coordenadora de forma popular,no qual ficam incumbidos de solucionar, ou propor alguma maneira de resolver o problema ou o assunto discutido, gerando nos alunos espírito crítico e assim a proposta da escola se concretiza ao que diz na Lei de Diretrizes e Bases da Educação escolar , uma educação voltada para o mundo do trabalho e á prática social.
A escola procura inserir a comunidade em seu trabalho social e educativo, para que ela participe cada vez mais das atividades escolares, envolvendo-a principalmente em trabalhos artísticos possibilitando a junção da educação e da arte para que resista e transforme seu discurso de vítima e reaja à violência explorada pela mídia dando apoio para que a escola seja agente de transformação social, como afirma a artista plástica Lilian Amaral, coordenadora do projeto Arte na Escola Cidadã 2000, na qual a escola foi a grande vencedora do prêmio com a apresentação do projeto multidimensional desenvolvido desde 1997 em que possibilitou uma avaliação nas perspectivas de alunos, professores, direção da escola, comunidade e sua relação com a mídia. Com estas iniciativas acreditamos ser possível também para a escola diagnosticar seus principais problemas.
As atividades escolares são voltadas para melhor entender à comunidade e seus problemas, como visitas domiciliares, o estudo da história da comunidade pelos alunos, este tipo de trabalho gera um diferencial em relação a outras escolas, proporcionando um conhecimento mais amplo das características de seus alunos, bem como de sua comunidade, possibilitando melhorias nas metodologias para a aprendizagem destes alunos.
Os professores convivem com os alunos durante um ou mais anos, mas não sabem onde moram, os enxergam simplesmente como alunos que vem para a escola somente para receber o conteúdo que desejam transmitir, sendo depositário do conhecimento, como se não estivessem cientes do que ocorre ao seu redor, como por exemplo, os por quês das notas baixas, das desigualdades sociais, o porquê das suas limitações e dificuldades de aprendizagem e a escola e os professores muitas vezes ignoram a diversidade de alunos que possuem ritmos diferentes, características diferentes entre outras especificidades.
Um dos subitens que está no Projeto Político Pedagógico, diz respeito à clientela, sendo fundamental que a Escola conheça o contexto social de sua vizinhança e desta clientela a que serve, conhecendo também a comunidade em que está inserida a fim de propor melhorias para os educandos e consecutivamente para a comunidade, suas necessidades, potencialidades expectativas, adequando a elas seu trabalho de atendimento educacional, é a única forma possível para a Escola atender às suas finalidades – formar cidadãos, conscientes e capazes, fornecendo ainda os conteúdos e habilidades necessários à sua melhor inserção no ambiente social.
Assim é possível salientarmos que a escola possui um Projeto Político Pedagógico com princípios e valores diferentes das demais escolas, preocupando-se muito mais com o seu entorno, com a formação do aluno para além da sala de aula, uma educação mais aberta para a prática social, para a vida , para a cidadania teoricamente falando, no capítulo seguinte iremos confrontar a teoria com a prática vivenciada a partir das entrevistas.































Capítulo III- Dialogando com os Protagonistas

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Neste capítulo, faremos uma análise de acordo com a prática que observamos nos momentos de entrevista com representantes de vários segmentos, alunos, professores, representantes da comunidade, coordenadores pedagógicos, e com a supervisora de ensino.
Gostaríamos de salientar que as entrevistas não têm o objetivo de quantificar, somente têm o objetivo de qualificar a prática que foi observada na escola, esta prática que será comprovada com a analise das entrevistas que constará neste terceiro capítulo do nosso trabalho de pesquisa.
As entrevistas ocorreram na própria escola, objeto de estudo, na comunidade ao redor Heliópolis, São João Clímaco, e na Diretoria Regional de Ensino do Ipiranga, com a supervisora de ensino,em todas as entrevistas, fomos bem recebidas e inclusive nos sentimos bastante a vontade para realizá-las.
Nos cabe pontuar alguns aspectos da entrevista que observamos, entrevistamos um representante de cada segmento para poder relatar as diferentes opiniões a respeito da proposta da EMEF Campos Salles, e da sua experiência em unir a escola e a comunidade e vice versa.
As entrevistas foram agendadas com antecedência, porém as pessoas entrevistadas, já estavam selecionadas pela própria coordenadora, não foi concedida uma autonomia para o nosso grupo nas escolhas das mesmas.
A aluna que entrevistamos, Angélica, por coincidência é uma das alunas que conversamos na primeira visita a EMEF Campos Salles, juntamente com o outro quarto ano de Pedagogia, e de inicio ela nos havia relatado somente aspectos positivos da escola, como na entrevista atual.
A aluna mostrou-se muito otimista e aplicada, inclusive nos relatou durante toda a entrevista que é a favor desta nova metodologia de roteiros de atividades, ao invés do ensino tradicional da lousa das cópias e dos livros, ela nos afirmou que aprende muito mais assim, não somente com o conhecimento científico mas também com valores, atitudes e princípios que são observados por ela o tempo todo na escola, valores estes que a possibilita aplicar em seu dia a dia, gerando assim uma cidadã melhor, mais autônoma pois a mesma nos relatou também em sua entrevista que costuma pesquisar os assuntos abordados nos roteiros em livros, revistas entre outros, despertando assim o senso crítico a autonomia e o sentido solidário na ajuda oferecida aos colegas ao término dos roteiros,atingindo o objetivo da escola.
Este capítulo mostra-se bastante interessante pela oportunidade de comparáramos as opiniões dos diferentes protagonistas, que lutam e se dedicam para a melhoria da educação no âmbito escolar e comunitário, gerando opiniões diferentes sobre aspectos interessantes que nos cabem pontuar neste nosso trabalho de pesquisa.
A aluna entrevistada desconhecia a existência do Projeto Político Pedagógico, mas nos afirmou que toda decisão importante que precisa ser tomada pela escola, é repassada para os alunos pelo diretor, pela equipe de coordenação entre outros, a jornalista entrevistada também desconhecia o projeto político pedagógico, visto que trabalhava mais na disseminação das idéias da escola e da comunidade, utilizando-se de recursos ligados a comunicação,a supervisora de ensino que também foi entrevistada conhecia pouco a respeito do Projeto Político Pedagógico da escola, ???FALOU A RESPEITO?,
Através dos relatos também foi possível concluirmos que há uma efetiva participação nos turnos matutino e vespertino, em que funciona o ensino fundamental para crianças e adolescentes.
Os pais participam verdadeiramente, segundo a coordenadora nas reuniões, nos projetos e nas parcerias escola e comunidade.
Já no turno noturno esta participação fica mais limitada porque a maioria dos jovens e adultos trabalham fora de casa e em casa, inclusive não restando tempo para envolver-se nos projetos entre a escola a comunidade, bem como conselhos escolares entre outros.
Esta fala denota a idéia de que os alunos não são a própria comunidade.
A outra entrevista foi realizada com a professora Delma, Professora de Matemática no EJA no período noturno, a partir desta entrevista podemos notar uma posição mais defensiva da professora, manifestando algumas dúvidas e receios diante da implantação e concretização do projeto em diferentes períodos e idades.
A professora mostrou-se bastante receosa, com relação ao ensino fundamental, registrou sua opinião a respeito da implantação do projeto com alunos desta faixa etária como sendo preocupante visto que nesta idade ainda é necessário lidar com problemas disciplinares e ela também acredita que para os próprios alunos é difícil está adaptação ao novo projeto, visto que ele oferece muita autonomia aos alunos, esta autonomia que ela acredita que eles ainda não conseguem lidar e usufruir.
Portanto a professora frizou bem que o seu maior interesse mesmo é lidar com alunos da educação de jovens e adultos, pois mostram-se mais interessados em participar da aula, em aprender, mesmo superando diversas barreiras como dificuldades em se concentrar, em ouvir a explicação entre outros, na EJA a professora pontua como um aspecto positivo principalmente não ter que lidar com a indisciplina.
Outro fator importante que nos chamou atenção, foi o relato da professora em relação a implantação do projeto, ela nos relatou que o projeto foi implantado, de uma forma um pouco imposta, pela direção e pela coordenação, não foi dada voz ativa para os professores e alunos, sendo uma decisão um pouco elitizada de acordo com a visão da professora, ou seja, assim sendo contra os princípios da própria escola, que seriam implantados depois.
A professora confirmou o relato da aluna no que diz respeito a união a solidariedade dos alunos, uns com os outros e entre os demais funcionários, e também ressaltou a importância dos roteiros de estudo, pois fazem os professores ficarem mais unidos e engajados na proposta da escola, assim fazendo o conteúdo científico ter mais sentido para os alunos.
Entrevistamos também a coordenadora pedagógica Amélia, muito simpática inclusive nos recebeu de uma forma muito boa, e esteve disposta a nos ajudar sempre que preciso.
A coordenadora pedagógica apresentou uma visão bastante positiva sobre o projeto inclusive, mostrou-se bastante consciente com relação ao projeto, suas dificuldades e seus avanços, inclusive pontuando-os sem esconder as reais dificuldades.
Um exemplo que podemos citar como dificuldade, foi a dos alunos lidarem com a autonomia proporcionada na escola, visto que anteriormente eles não possuíam tamanha abertura.
Outro fator importante que foi extremamente citado, tanto pela coordenadora pedagógica,pela professora, pela jornalista, e pela supervisora de ensino foi referente a dificuldade com os professores, que não acreditam no projeto e que devido a normas burocráticas impostas pela diretoria regional de ensino, obrigam aqueles que não acreditam nos princípios, que não são adeptos da metodologia da escola, lecionarem lá ao invés de chamarem os professores realmente interessados, dificultando na realização do projeto.
Outro problema também é no que diz respeito as horas trabalhadas, pois existem professores que trabalham o período integral e outros que trabalham somente meio período, dificultando na elaboração dos roteiros entre todos os professores.
Este problema é bastante significativo visto que a idéia do projeto está em integrar as disciplinas através de roteiros, portanto se os professores não acreditam no projeto como uma solução, uma possível estratégia para modificar o aluno, tornando-o crítico, autônomo e solidário, dificilmente a elaboração destes roteiros ocorrerá de uma forma boa, e interdisciplinar, ocasionando assim um trabalho fragmentado justamente o que a escola não queria. e longe de cumprir e respeitar os princípios da escola.
Uma questão de fundamental importância é referente ao desconhecimento por parte da aluna entrevistada e da professora em relação ao Projeto Político Pedagógico da escola, ambas afirmaram não conhecer o Projeto e nem a respeito da sua elaboração, este ponto ,merece destaque pois o Projeto Político Pedagógico da escola é a sua “alma” e contém os registros dos projetos, das metodologias, e disposições a serem cumpridas naquele ano, portanto dois dos importantes protagonistas escolares desconhecerem este projeto nos mostra um ponto significativamente falho da direção e administração escolar.
Tal desconhecimento pode confirmar a concepção docente de que o Projeto Político Pedagógico foi”meio imposto”pela direção.
Um ponto interessante no relato da coordenadora pedagógica é a respeito da indisciplina, problema comum na maioria das escolas, na EMEF Campos Salles os problemas indisciplinares as mais comuns no turno matutino e vespertino do que no EJA.
São resolvidos através do diálogo, a diferença é que os alunos seguem mais as ordens até mesmo porque as mesmas foram criadas por eles, portanto fica mais cabível seguir estas regras e normas afinal foram decididas através de um consenso, pelos conselhos de alunos em combinação com a direção e conselhos de pais entre outros.
As entrevistadas confirmaram que a maior parceria da EMEF Campos Salles é realizada com a UNAS a União de Núcleos Associações e Sociedades de Heliópolis e São João Climaco (UNAS) que se trata de uma união de lideranças,associações e entidades.
A UNAS ferece diversas possibilidades de projetos e integração com a comunidade do Heliópolis e as escolas e entidades do bairro, gerando sempre resultados positivos, como a criação de projetos,telecentros, bibliotecas comunitárias, a construção de quadras poliesportivas e creches.
Inclusive para 2009 ápos muita luta comunitária conseguiram a implantação de um complexo educacional, que segundo a coordenadora pedagógica Amélia será composto por três creches, uma escola técnica, praças para o lazer, uma EMEI, e a orquestra que disponibilizará aulas de dança, música e cultura, todas estas instituições serão baseadas nos principios da escola Campos Salles, que ficará no centro destas instituições.
Um dos projetos que podemos citar é o agente jovem que consiste em

As lideranças da UNAS são eleitas pelos moradores, a sede da associação esta localizada na Rua Minas, 38. Um prédio onde funciona a parte financeira e administrativa, também há no local assistência jurídica e orientação para os moradores.
Por estar inserida na maior metrópole do país, a Favela de Heliópolis está submetida às questões ligadas à violência, ao tráfico de drogas, ao crime organizado e às situações mais graves como a desestruturação familiar e ao desemprego em maior proporção, estando assim a margem da sociedade
. Em decorrência de tantos fatores que influenciam no cotidiano da favela é necessário um maior investimento público, privado e institucional para que possamos gradativamente modificar a realidade desta comunidade.
A UNAS parceria com a EMEF Campos Salles,procura por meio de projetos reduzir os índices de
Violência contribuindo significativamente para a melhoria da educação, melhoria das condições de vida desta comunidade.(fonte do site?
do site: http://www.independenciaoumorte.com.br/node/759)
Outra questão que nos cabe relatar, diz respeito a entrevista da supervisora de ensino Denise Patini, ela nos relatou que a EMEF Campos Salles, apesar de ter um aproposta inovadora, é como qualquer outra escola de ensino fundamental subordinada a prefeitura de São Pauol sendo necessário cumprir normas, prazos, gastar a verba enviada somente entre outras coisas burocráticas.

Uma das iniciativas da escola que mais foi citada nas entrevistas foi a caminhada da paz, uma caminhada que foi criada para amenizar a violência no bairro, principalmente ápos a morte de uma adolescente na porta da escola, através desta caminhada e da parceria da escola com as lideranças do bairro, a violência diminuiu um pouco, pois a população sentiu-se como parte integrante da escola e a escola como parte integrante da comunidade.
Realizamos também a entrevista com a supervisora de ensino da Diretoria Regional do Ipiranga, zona sul de São Paulo, ela nos relatou fatos interessantes sobre a proposta da escola e sobre a integração com a comunidade do Heliópolis, e São João Clímaco, diante de um ponto de vista hierárquico.
Portanto a partir da análise das entrevistas podemos perceber que temos algumas fragilidades omo em qualquer outro projeto em fase de implantação.
No entanto , o projeto analizado é uma possível solução para nos livrarmos das amarras da educação opressora uma educação para a reprodução, de métodos e práticas ultrapassadas e descontextualizadas.do cotidiano destas criaças, jovens e adultos.
A representante da comunidade,jornalista Laís,e a supervisora de ensino Denise nos relataram em suas entrevistas, algo em que concordamos tdo projeto, mesmo sendo um projeto em fase de implantação resolveu modificar a realidade educacional daquele bairro, inovando e propondo melhorias para aquela comunidade naquele momento.
Portanto a invés deecriticreclamar, todos os membros uniram forças para tentar modificar a realidade que os rodeava, acreditando, no projeto em seus princípios e principalmente na força da comunidade, a escola diante desta concepção parou de preocupar-se somente com ela mesma, suas limitações,as dificuldades d eum projeto deste tipo diante da rede educacional de ensino das escolas municipais, dificuldades ligadas as amarras das paredes e muros e passou a preocupar-se com o todo, com a formação cidadã destes educandos e que tipo de sociedade eles viveriam se a educação continuasse a ser tratada como estava, portanto este é o diferencial da nossa escola objeto de estudo.
Quando o aluno nota esta preocupação da escola diante das dificuldades que os cercam em sua vida social, o aluno passa a preocupar-se mais também com a escola.
Esta observação também foi feita durante todas as entrevistas, o interessante também foi que todas as pessoas entrevistadas não falaram somente a respeito dos aspectos positivos, como também pontuaram aspectos negativos, algumas dificuldades, consideradas normais em se tratando de um projeto tão inovador quanto o realizado na EMEF Campos Salles.
Lembramos que a construção de todo Projeto Político Pedagógico se realiza de forma dialética, ou seja, com proposta e contradições.
A identificação das contradições potencializa o próprio movimento construtivoque procria possibilidades de superação.













Conclusão

Nosso trabalho de pesquisa foi focado em um tema considerado atual, e pouco praticado diante da realidade e das dificuldades das escolas brasileiras.
Diante deste fato, podemos notar como a EMEF Campos Salles, decidiu inovar e modificar a realidade vivida, criando um projeto com a finalidade de tornar o indíviduo mais crítico, autônomo e participativo.
Assim nossa hipótese era:
Que tipo de aluno esta escola pretende formar e será que ela consegue?
A partir dos referenciais teóricos, da prática vivenciada na escola e das entrevistas realizadas com um representante de cada segmento é possível notarmos um certo avanço na formação do aluno.
Visto que todo projeto em fase de implantação como o da EMEF Campos Salles enfrenta dificuldades e fragilidades como já foi citado anteriormente.
Mesmo assim podemos notar uma maior autonomia dos alunos do ensino fundamental, uma maior participação, e inclusive uma valorização da escola, da manutenção do prédio escolar, dos professores e uma significativa diminuição da violência ao redor da escola.
Os alunos, assim como a comunidade perceberam-se parte integrante e atuante da escola, podendo participar de algumas reuniões, comissões de alunos que ajudavam na resolução de problemas enfrentados diariamente na sala de aula.
Consideramos que este projeto torna os alunos mais críticos pelo fato que, não é uma educação voltada para a reprodução, mas sim para adotar um pensamento mais crítico, aberto a realidade vivida no cotidiano.
Tornando assim o aluno um ser mais autônomo, buscando a verdade, mais conscientes a respeito de seus direitos e deveres, a respeito da desigualdade social, e também mais conscientes a respeito das possíveis mudanças que poderiam causar na sua própria realidade.
Com o uso de roteiros de estudo, os alunos têm a possibilidade de relacionar o conhecimento cientifico, com a sua vivência, modificando a concepção do ensino mecânico e repetitivo.
A participação da comunidade em todo este processo foi fundamental, assim integrando-se a escola, o bairro assim como a escola foram visto como uma relação dialética de troca e não de individualismo,distantes.
Durante as entrevistas realizadas, não foi possível entrevistarmos alunos dos diversos turnos, somente entrevistamos uma aluna do período noturno, portanto jovem e adulta, apresentando uma visão diferente dos alunos do período matutino e vespertino, e os alunos que participaram da comissão e ajudaram na elaboração do PPP não foi possível encontrarmos, causando um déficit de conteúdos a serem analisados no nosso trabalho.
A partir de nossas observações durante as visitas a escola, os alunos do turno matutino e noturno estão se adequando a nova proposta da escola, aos princípios e tentando lidar com eles, como exemplo a autonomia, que diante de crianças e adolescentes pode ser confundida com liberdade.
Houve também um certo distanciamento e uma dificuldade grande em entrevistarmos alguns alunos, e o diretor principalmente no período da manhã, este estranhamento foi gerado pela coordenadora pedagógica da manhã, isto nos revelou que a escola o projeto em si não é totalmente comunitário como consta na prática.
No caso da aluna entrevistada do turno noturno da educação d ejovens e adultos do ensino fundamental, notamos que ela possui a autonomia, a criticidade e a solidariedade, através da contribuição da escola, mas também pela sua vivência, não sendo possível por intermédio da entrevista julgarmos se na prática estas crianças, estes jovens tornam-se mais autônomos, críticos e participativos.

Nos alunos do
Conclusão continuação...

Pontos a considerar:
Profissionais comprometidos com a educação
Iniciativas sociais e educativas da escola junto à comunidade / parceria
Proposta Pedagógica sócio-construtivista para a formação de educandos

Princípios : Autonomia, responsabilidade e solidariedade
Autonomia – condição de uma pessoa para resolver problemas, tomar decisões, se responsabilizar por suas ações e palavras.
Para que a autonomia se torne uma prática


Responsabilidade – condição de uma pessoa para assumir e cumprir tarefas, tendo consciência em cumpri-las.

Solidariedade – se preocupar, dar atenção , ajudar, cuidar,

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

unindo e arrumando

Introdução
Este trabalho foi desenvolvido como requisito para conclusão da Graduação do Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Centro Universitário Fundação Santo André sob a orientação do Professor Edson Fasano.
No primeiro semestre de 2008 visitamos a escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles localizada no bairro do Heliópolis na periferia do município de São Paulo. Esta escola apresenta um projeto político pedagógico diferenciado, pois pretende fortalecer a relação escola-comunidade, assim a escola seria um centro de liderança comprometido com o saber e juntamente com as outras instituições e lideranças da comunidade, atuaria na formação dos alunos.
Atualmente a “forma” como a escola (tradicional) está estruturada não apresenta mais resultados, a educação dita “tradicional” vêm a cada dia perdendo sentido, já não atende as especificidades de uma sociedade marcada pela diversidade. A escola não é mais a única forma de transmissão de conhecimento, os métodos muitas vezes encontram-se ultrapassados, e os alunos não aceitam mais a simples transmissão de conteúdos.
A principal marca da escola tradicional é a chamada educação bancária, que Paulo Freire sempre se referia, cujo aluno seria meramente passivo, recebendo todo o conteúdo pelo professor sem poder intervir, uma educação voltada para os opressores, se desvinculando do objetivo principal que seria a formação de uma sociedade justa e igualitária.
Vivemos um período em que as transformações são muito rápidas, os meios de comunicação tornam a informação cada vez mais disponível, embora previamente selecionadas pela mídia. A internet, a televisão, o rádio etc , apresentam uma linguagem de fácil acesso, possibilitando que a criança, o jovem, ou o adulto busquem a informação na hora que desejarem.
A escola necessita reorganizar-se para atender os reais interesses de seus alunos e da sociedade, buscando não apenas apropriar-se das novas tecnologias, mas fundamentalmente refletir criticamente sobre as informações recebidas, exercendo um diálogo com o contexto informativo. Portanto mesmo que o aluno tenha acesso á informação, ele sempre precisará de uma orientação e de um diálogo crítico , para não apenas acessar a informações , mas estabelecer um juízo de valores sobre a mesma. Transformar a informação em conhecimento para a vida.
O desenvolvimento de um Projeto Político Pedagógico que venha ao encontro de tal entento, estará contribuindo para a formação do aluno crítico e autônomo que sabe buscar o conhecimento, interiorizando-o e usufruindo dele de forma consciente e prazerosa além de contribuir também na formação do aluno pesquisador.
A escola tem um importante papel junto às comunidades em que estão inseridas: a conscientização e a educação para a cidadania. O conceito de cidadania que utilizamos não se restringe apenas aos direitos e deveres, mas uma cidadania plena , com pessoas conscientes de suas ações e de seu contexto .
Uma escola voltada à cidadania deve basear-se em princípios democráticos e participativos, não apenas em sua gestão administrativa, mas também na gestão curricular, trazendo uma visão diferente de aprendizado.
A educação deve ser igualitária na dimensão do direito, mas diversa no sentido da identidade dos sujeitos, construída dentro de um ambiente coletivo, fora dos níveis hierárquicos, tendo o diálogo como a fundamental estratégia para objetivo do refletir, do analisar, do avaliar os conteúdos, de forma a construir significados. Visto dessa forma, os conteúdos tornam-se elementos constitutivos da intervenção humana no meio social, cultural, enfim econômico.
Todos os alunos, assim seriam personagens principais do seu processo de ensino-aprendizagem, na busca de um ensino de melhor qualidade, e de melhorias para a escola e para o seu bairro através da participação coletiva, em reuniões dentro e fora da escola, da inserção social, da criação de conselhos escolares,e através da ajuda na elaboração e concretização do projeto político pedagógico, todos juntos na busca de uma escola verdadeiramente democrática.
Também podemos observar que o protagonismo deve estar presente nas relações didáticas construídas na sala de aula, em que a realidade sócio-cultural dos educandos seja tematizada.
O projeto da EMEF Campos Salles está em fase de implantação. A escola iniciou o projeto na escola em 1996, após estudo e observação do Projeto Político Pedagógico da escola municipal desembargador Amorim Lima, localizada no bairro do Butantã em São Paulo. Segundo o diretor da EMEF Campos Sales, inicialmente há um trabalho de conscientização e adaptação tanto dos alunos quanto dos funcionários.
Compreendemos que a construção do Projeto Político Pedagógico de uma Unidade Escolar, deve constituir-se de forma coletiva, mas nem por isso sem conflitos. O debate entre as diferentes concepções , bem como a explicitação do sentido da escola e sua relação com a sociedade, estão sempre tencionando o diálogo. Destacamos também, que o processo instituinte de qualquer projeto constitui-se dialeticamente, sem a existência de um estado final.
Esta nova proposta nos chamou atenção visto que em nossas experiências como alunas, a escola era sempre imersa em uma ilha, totalmente fora do contexto de sua comunidade, e de seus problemas.
Uma escola que parecia ser anexa a realidade, sendo apenas importante a transmissão do conhecimento científico, as notas, a avaliação.
A vida da comunidade ao redor da escola tradicional nunca foi de seu interesse e nem fazia parte do seu currículo escolar.
Acreditamos que este tema apresenta uma grande importância para o cenário atual da Educação Brasileira, pois por meio da integração escola comunidade será possível melhorar bastante a qualidade do ensino e da aprendizagem de crianças, jovens e adultos, bem como a qualidade de vida dos moradores desta comunidade. Engajados dentro da escola, melhorando a organização escolar, através de princípios de Gestão Democrática e participativa, cada membro da comunidade teria sua importância e um espaço aberto para dialogar, propor melhorias na escola e na comunidade .
Destacamos que a participação da comunidade na vida escolar precisa ser compreendida em diferentes dimensões, especialmente voltada a potencialização do currículo. O reconhecimento do direito à voz e decisão sobre o cotidiano escolar, bem como sobre o conteúdo e as relações didáticas, estão voltadas à construção do mundo comum, ou seja, da dimensão políticas do ser humano. Dessa forma, a participação não pode ser vista apenas como um instrumento de gestão, mas fundamentalmente com um processo intencional de formação.
O bairro do Heliópolis possui 125 mil habitantes ocupando um milhão de metros quadrados, sendo que 52% de sua população está entre 0 a 25 anos. Caracteriza-se, também, por sua extrema pobreza e insuficiência de recursos sociais para atender as necessidades da população local . A comunidade não dispõe de área de lazer, esporte e cultura. A cada dez adolescentes de Heliópolis, seis encontram-se desempregados e quatro não freqüentam a escola . A maior causa de morte entre jovens de doze a vinte anos é o homicídio causado pelo tráfico de drogas.
Conforme explicitamos, o tráfico de drogas, a exclusão social, a falta de oportunidades e perspectivas, são problemas enfrentados pela comunidade. Muitos destes problemas levaram e ainda levam muitos jovens a abandonar a escola.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles se defronta com esta realidade, assim como tantas outras escolas públicas localizadas em áreas de exclusão social.
Em via de regra, nos bolsões de miséria das grandes cidades, encontramos uma ausência de políticas públicas, bem como do próprio Estado, possibilitando o domínio do poder paralelo, tráfico de drogas, milícias, forças para militares etc. Ocorre uma “inversão de valores” e as crianças e adolescentes crescem já conhecendo e convivendo com esta realidade, ocasionando a marginalidade, os crimes, o trabalho infantil entre outras coisas.
A escola não pode mais fechar-se perante os problemas sociais, pois estes já estão batendo a sua porta, invadindo os seus muros.
Assistimos aos noticiários e ouvimos dezenas de casos de violência na escola, ocasionadas por fatores externos e internos. Alunos que chegam ao ensino médio e não sabem ler, a ausência ou ineficácia dos programas de orientação sexual, ocasionando a gravidez precoce, o tráfico de drogas interferindo cada vez mais no dia a dia dos alunos e de suas famílias .
Por sua vez, muitos docentes acreditam ser possível não se envolver com tais problemáticas, procurando formar os alunos para a mera reprodução de conteúdos, deixando de cumprir um de seus papéis, o de formar cidadãos melhores e mais conscientes dos problemas sociais e políticos que acercam o seu país.
A escola Campos Salles encontrou uma solução para os problemas pelos quais passava, a democratização das relações e a atuação desta na comunidade. Procura estar ciente dos problemas sociais dos seus alunos. Os professores, nessa concepção, trabalham juntos na sala de aula. Professores de todas as disciplinas exercem o papel de mediadores do conhecimento, proporcionando vários meios de aprendizagem, pesquisando junto com o aluno, e interferindo nas horas necessárias, respeitando a heterogeneidade da classe e o ritmo de cada um.
Nesta proposta o currículo escolar deixa de ser algo estático e totalmente imposto e passa a ser feito a partir de roteiros de estudo ou temáticos que englobam várias disciplinas. Tais roteiros são compreendidos não de forma isolada, mas de maneira interligada, de forma que o aluno perceba que todas as matérias se relacionam e estabelecem importantíssima conexão. Assim, através da interdisciplinaridade o educando consegue enxergar melhor as disciplinas como também consegue relacioná-las e aplicá-las em sua vida.
O educando também torna-se mais pesquisador buscando o conhecimento além da sala de aula, através de pesquisas e da ajuda entre os próprios colegas.
O problema que colocamos para a referida pesquisa é : que mudanças podem ser observadas na formação de alunos que vivenciam um projeto de integração Escola- Comunidade? Será que se tornam alunos mais críticos, autônomos e participativos?
A atualidade exige uma nova concepção de educação, não separando-a da prática social . É necessário repensar as relações de poder, superando a rigidez dos níveis hierárquicos e centrando-se nas diferentes esferas de responsabilidade. Deve garantir relações interpessoais entre sujeitos iguais em direitos, mas ao mesmo tempo diferentes em suas identidades, para que possam se comunicar como atores sociais.
A escola já demonstra resultados significativos, graças a participação da comunidade na escola, da divisão de tarefas e do currículo voltado aos interesses dos alunos, o que está tornando cada vez mais a EMEF Campos Salles em uma escola verdadeiramente democrática, melhorando a qualidade do ensino, o índice de evasão, bem como reduzindo-se os índices de criminalidade que envolvem seus alunos. Assim ao observamos a escola EMEF Campos Salles foi possível que notássemos a importância que a comunidade exerce dentro e fora da escola, podendo contribuir para com a formação destes alunos
Observamos que escola e comunidade atuando em conjunto, as mesmas só tem a ganhar. O contato permanente entre professor e aluno, escola e comunidade, tem possibilitados um conhecimento mútuo, aproximando também as necessidades dos alunos dos conteúdos ensinados pelos professores. Observamos, na escola objeto do nosso estudo, que o objetivo maior passou a ser a melhoria da qualidade das práticas pedagógicas . A participação da comunidade na escola, refletindo sobre o uso dos recursos disponíveis, definindo os objetivos educacionais considerados mais adequados para os alunos, selecionando e organizando os conteúdos a serem ensinados e distribuídos ao longo do tempo disponível, prevendo as formas de avaliação, transformou as relações burocráticas em mecanismos democráticos para a construção da cidadania . Esta escola é adepta dos princípios de liberdade e autonomia dos alunos, realiza projetos de inserção social como a Caminhada pela Paz, mostras culturais, aulas de Karatê, projetos que visam a busca da melhoria de condições de vida da população, assim como a redução da violência. Realizamos entrevistas com um representante de cada segmento, pais, alunos, comunidade, professores, funcionários e direção. Estas entrevistas do tipo qualitativa não tiveram por o objetivo julgar as representações que os protagonistas realizam do projeto, mas identificar as diferentes opiniões, salientando contudo, a grande importância de cada um para um melhor desenvolvimento e desempenho deste trabalho. É de suma importância tratarmos a educação, de forma otimista, mas crítica, traçando metas e desafios crescentes e tangíveis. Projetos como da interdisciplinaridade , a inserção da comunidade e dos alunos na participação e execução de atividades escolares, são possibilidades reais para a construção de uma educação de boa qualidade.
Ao adotarmos a prática interdisciplinar na escola, principalmente em sala de aula, assim como ocorre na EMEF Campos Salles, envolvemos todos os educadores de diferentes formações, alunos, e demais funcionários da equipe escolar, conseguindo envolver e articular até mesmo os temas transversais às disciplinas. Assim professores e alunos compartilham o aprendizado e constroem juntos o conhecimento. Para analisar o problema apresentado acima, iremos discutir o Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles e sua interface com o contextos sócio-econômico do bairro , observações sobre a comunidade, entrevistas e relatos de moradores, alunos e professores. Iremos confrontar o campo conceitual com a prática da escola também.
Os princípios desta escola nos trazem a refletir alguns autores, que utilizaremos em nossa referência teórica como: Moacyr Gadotti e José Eustáquio Romão na discussão sobre a Escola Cidadã, propostas e desafios diante da modificação da Educação Brasileira frente ao ideal de uma escola mais democrática, e com a participação de todos. Cezar Munhoz em seu livro Pedagogia da Vida Cotidiana, que relata a importância de articularmos a dimensão da vida social com a dimensão da vida pessoal, fator importantíssimo para o protagonismo e para ampliar a visão de mundo dos educandos. Vitor Henrique Paro, no seu livro Gestão Democrática da Escola Pública cujo tema central é a problemática que envolve a escola no âmbito da gestão escolar, e do poder hierarquizado, defendendo uma escola mais democrática, Nilson José Machado em seu livro Projeto Escolar: Educação e Valores, discutindo a interdisciplinaridade e a teoria das redes de conhecimento, Mônica Abranches em seu livro O Colegiado Escolar, que aborda temas referentes a participação comunitária na escola,e o livro Projeto Político Pedagógico da Escola uma construção possível, Ilma Passos Alencar Veigas(Org), que relata sobre a construção do projeto político pedagógico em escolas.





Capitulo I: Rumo à escola libertadora?

Vivemos em uma sociedade estruturada de forma hierárquica,aonde desde pequenos fomos educados a prestar obediência e a reconhecer a hierarquia da sociedade.
Há uma hierarquia na família, ( pai, mãe e por último os filhos, estes devem obediência aos pais e perante a lei os pais são seus responsáveis legais), na escola temos uma hierarquia mais complexa que a da família, ( o aluno deve obediência aos professores e estes devem obedecer aos seus coordenadores que devem obedecer a seus superiores) no campo profissional, no nosso sistema de governo.
Fomos ensinados desde pequenos a obedecer aos nossos superiores, a nunca questionar as decisões tomadas, isto reflete na forma de agirmos como cidadãos.
Elegemos prefeitos, senadores, governadores e presidentes, mas participamos pouco das decisões tomadas por eles, estas decisões que nos afetam diretamente.
Não questionamos, não agimos perante os problemas que estão diretamente ligados a nós, ao contrário não vemos estes problemas, ignoramos, nos tornando passivos na sociedade.
Cesar Muñhoz divide a sociedade em duas partes; marginalizadas e a não-marginalizadas, a sociedade marginalizada é composta pelos que possuem grandes problemas e necessidades, as não-marginalizadas são os que oferecem, e organizam.
Karl Marx dividiu a sociedade em burguesia e proletariados, os burgueses a minoria da sociedade que detém a riqueza e exploram e os proletariados que são a maioria da sociedade detêm a força de trabalho e são os explorados.
De uma forma mais simples, os dois autores admitem que em nossa sociedade há um que manda e outro que obedece, mas isto não é explicito, nesta linha há outros atores que fazem parte desta situação.
Paulo Freire relata sobre os sistemas de governo Brasileiros como sendo uma sociedade “fechada”, a um centro do poder e o homem como apenas mais uma peça da sociedade.
Sua vida se resume a autosobrevivência, ao seu próprio eu, não tomando consciência da coletividade, não entendendo sua sociedade.
Nesta sociedade não se tem consciência da exploração e de quem explora, há um fetichismo da realidade. Há problemas sociais (estes estão relacionados a classes sociais de baixa renda) que não aparecem nas discussões da mídia e do governo, ficam sempre no periférico, não há um aprofundamento dos problemas e as soluções colocadas caem no assistencialismo.
A ideologia dominante tem forte poder perante os homens, estes que por sua vez sentem-se incapazes de questionar, opinar e tentar modificar sua situação permanecendo passivos e acomodados diante da sua própria realidade.
Assim, a escola acaba sendo uma reprodutora da ideologia dominante, com uma maneira capitalista de se pensar a realidade, preparando os alunos para aceitarem estes ideais, mas ao mesmo tempo, oferecendo uma base para tornar os aluno mais críticos e menos alienados, tornando-se uma via de mãos duplas.
No âmbito profissional na escola, a figura máxima de autoridade esta detida pelo diretor, ou pelo setor de administração que é composto por diretores, orientadores e coordenadores, são eles que respondem para a Diretoria de ensino que por sua vez esta subordinada a Secretaria Municipal de Educação.
A forma de organização da sociedade, reflete de forma muito clara na escola, que esta separada através de subdivisões, desde a direção, coordenação, até os grupos de apoio refletindo assim na visão de sociedade e de espaços da criança.
A criança depara-se com um universo, repleto de imposições, regras, normas e orientações que é obrigada a cumprir, também percebe-se como parte daquele todo, mas uma parte pequena, visto que está ali somente para obedecer, não obtendo espaço aberto para dialogar, criticar ou opinar.
Este visão de aluno está ligada a visão de criança que a sociedade tem, apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente colocar a criança como sujeito de direito, ainda não enxergamos a criança como sujeito capaz, a criança não tem voz ativa é vista como algo bonito e inocente, não dotada de pensamentos próprios.
O estatuto da criança e do adolescente em se artigo abaixo citado prevê:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Este direito não lhes é negado, mas algumas barreiras e impedimentos são deixados diante desta lei, a escola como exemplo mesmo que tenha a proposta de uma integração entre a comunidade, muitas vezes enxerga a comunidade como sendo algo de fora, e não enxerga o seu verdadeiro valor, de cidadãos, de pessoas que realmente merecem serem ouvidas, que merecem participar e contribuir para uma melhoria efetiva da escola, assim como também desvalorizam as crianças sem lhes dar voz ativa e importância, como se elas não possuíssem capacidade para propor e melhorar a sua realidade escolar e consecutivamente a sua realidade social.
Em relação a divisão da nossa sociedade, Cesar Muñoz relata que, a criança é marginalizada, pois está a margem da sociedade que esta inserida, não só a criança mas segundo o autor todos que tem grandes necessidades e problemas.
Podemos incluir; mulheres, negros, pobres, crianças, adolescentes, pessoas que moram nos bairros carentes, assalariados entre outros, todos que são reprimidos pela sociedade.
Assim, de acordo com Paulo Freire o educando torna-se um ser passivo, mesmo reconhecendo algumas desigualdades, ele se acomoda e aceita, pelo simples fato de perceber que em sua sociedade há pouco ou nenhum espaço para ele expressar suas opiniões.
Isto ocasiona também a alienação, pois para a criança a escola, assim como a família são referenciais fortes, para sua vida e muitas vezes ela pode repetir este tipo de visão até a vida adulta, tornando-se um adulto sem espírito crítico, sem autonomia, um mero reprodutor daquilo que vivenciou em seus anos escolares e na sociedade em que viveu.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais :
“...Este é o sentido da autonomia como principio didático geral proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais: uma opção metodológica que considera a atuação do aluno na construção de seus próprios conhecimentos, valoriza suas experiências, seus conhecimentos prévios e a integração professor- aluno e aluno-aluno, buscando essencialmente a passagem progressiva de situações em que o aluno é dirigido por outrem a situações dirigidas pelo próprio aluno...”(p.94, 2000)
Este seria um ideal diante da realidade das escolas Brasileiras.
Para sair deste estado de alienação é preciso a conscientização sobre a realidade que se encontra.
Para Paulo Freire esta transformação do homem só se dará através da educação, a integração do homem com o homem assim ele poderia sair da alienação que está inserido e aos poucos reconhecer-se como sujeito autônomo.
Sair da consciência intransitiva, que segundo Paulo Freire; “se caracteriza pela quase centralização dos interesses do homem em torno de formas mais vegetativas de vida”(P.67 Freire 2006) ou seja o homem “fechado” nele mesmo para a consciência critica que é “caracterizada pela profundidade na interpretação dos problemas” (P.69 Freire 2006).
Paulo Freire afirma, a partir das relações do homem com o meio em que vive, que ele poderá criar e recriar, movendo o mundo ao seu redor.
O homem poderá tornar-se critico, porém o homem moderno vive em uma cidade em que a ideologia da parte dominante faz com que o homem fique impotente, diante dos problemas que o afeta, tornando-se um objeto do sistema, fazendo parte e tomando para si a ideologia imposta.
Tanto Paulo Freire quando Nilson José Machado acreditam no trabalho coletivo como fundamental para libertar da alienação:
Segundo Nilson Machado:
“(...) necessidade de articulação, de solidariedade, de compromisso entre projetos individuais e coletivos é sempre fundamental (...)uma harmonia entre o projeto institucional e os projetos pessoais que alimentamos(...) (P. 86, 2006).
Paulo Freire explora o tema com mais profundidade acreditando na coletividade como forma de transformação do homem, esta que só ocorreria através da educação, tornando o homem mais autônomo.
Assim de acordo com José Eustáquio Romão:
“ A escola não é somente uma instituição aferidora e classificadora: ela é, sobretudo, repetindo , um espaço de organização da reflexão sobre as determinações sociais e de instrumentalização dos alunos, para que interferindo nessa realidade de forma diferente da que vinham fazendo, construam sua própria cidadania, isto é, contribuam completamente, por meio do sistema produtivo, para a expansão quantitativa e qualitativa do produto social, e participem, equitativamente, de seu usufruto.” (pg. 109, ANO)
A educação é fundamental para mudar a sociedade atual. Conscientizar a população de seus problemas, com uma educação que seu objetivo maior seja a educação para a cidadania, com o objetivo de prover a autonomia, ensinando os educandos a serem autônomos para enfrentarem os problemas sociais, transformando e questionando sua realidade.
Segundo Paulo Freire a educação abriria os horizontes do mundo, devendo ser transformadora, para que o homem tome consciência que ele é sujeito de ação par mudar o mundo ao seu redor.
Para Moacir Gadotti a educação para a cidadania é permitir a participação dos indivíduos no processo de decisão.
A escola seria o principal ambiente para esta transformação social, educando os alunos que posteriormente instruiriam seus familiares a serem cidadãos melhores, mais críticos e participativos, podendo assim, contribuir com a mudança da sociedade.
Segundo Romão a educação é pública e voltada para a autonomia, faz parte de um grande sistema unificado, em que todas as escolas possuiriam as mesmas condições de infra-estrutura e recursos, cada escola possuiria suas diferenças de acordo com as especificidades locais e culturais.
Tanto Paulo Freire como Moacir Gadotti acreditam que a escola deve ter coragem, pois não basta formar o homem critico é preciso ensiná-lo a enfrentar o sistema opressor. A escola ganharia um papel fundamental na sociedade de agente transformador, com grande força social.
“ Nesse momento, lutar por uma escola autônoma é lutar por uma escola que protege com ela, uma outra sociedade” (Gadotti, P. 48, ANO)
Para Vitor Paro a escola seria o principal ambiente de transformação e difusão desta mudança, para uma escola transformadora precisamos modificar primeiramente ao nosso redor, nossa escola, esta mudança só acontecerá com a união entre a escola e a comunidade em busca de um objetivo mais amplo que é a melhoria da educação. Mas quem dará o primeiro passo?
Vitor Henrique Paro responde a questão:
“Se a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade participar da escola?” (P.27, ANO)
Para Gadotti educar para a cidadania seria permitir a participação do individuo na tomada de decisões, ou seja, tornar o aluno personagem central do seu processo de ensino e aprendizagem, facilitando o desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades, ajudando a pensar na aprendizagem de forma participativa, assim todos teriam responsabilidades com a aprendizagem possibilitando também uma auto avaliação.
Segundo Moacir Gadotti;
“A educação para a cidadania dá se na participação no processo de tomada de decisão” (P.49 ANO)
Entender que educar para a cidadania é um tema amplo que requer a colaboração e a participação de todos, neste conceito de cidadania os alunos aprenderiam a ser autônomos,a serem críticos e participativos em todas as instâncias, não somente no âmbito escolar como também em sua vida social, aprenderiam diante de uma relação de troca uma relação dialética e recíproca, onde não teria limites entre o ensinar e o aprender, seria uma relação constante, e infinita, aonde cada educando e educador seria parte integrante do seu aprendizado e dotado de direitos e deveres, seria também uma relação baseada no respeito mútuo, nas especificidades de cada um, independente de raça, cultura, religião etc.
Para esta escola democrática, participativa onde o aluno seja autônomo, a escola tem que estar aberta em todos os sentidos.
A democracia deve fazer parte da escola, todos devem entender a escola como parte importante de sua comunidade.
Segundo Romão, o projeto de Paulo Freire na busca da Escola Cidadã visa a constituição de conselhos ou colegiados escolares na qual os órgãos aprenderiam a se organizar, a debater e questionar.
“..O colegiado escolar pode ser o “espaço inicial” da manifestação destas posturas e movimentações não mediatizadas das necessidades que singularizam as populações oprimidas das zonas rurais e das periferias urbanas em seu universo imaginário , e por meio da reflexão coletiva e organizada, lhe permite descobrir o porquê das singularidades ( da multiculturalidade) e atualizar as potencialidades dinâmicas de transformação social...” (AUTOR, P. 68, ANO)
Se a escola é fechada, autoritária, não pode contar com a participação democrática dos alunos, pais e muito menos da comunidade.
A escola só poderá contar com mudanças se os grupos envolvidos tomarem consciência das dificuldades da comunidade que esta escola esta inserida, a tomada de consciência exigiria a democratização das informações, não só a democratização, mas a discussão a troca de conhecimento para assim encontrar soluções e estratégias, que de acordo com Paulo freire deve criar e recriar, neste contexto a comunidade sairia da consciência instrasitiva para a consciência transitiva para chegar a consciência critica.
A escola deve fazer seu papel de transformadora em libertar o cidadão, com uma educação voltada para o diálogo e para a participação na tomada de decisões.
Os autores Paulo Freire e Nilson Machado acreditam, como foi dito acima em uma educação coletiva, que o individuo aprende em sua comunidade.Uma educação que abra os horizontes do mundo, transformadora, e segundo Freire, utópica uma educação que mude seu modo de vida e de participação na sua comunidade.
Temos que preparar os jovens para o mundo atual, e não apenas para passarem no vestibular, educar para vida, para o mundo que irão enfrentar, com problemas e desafios. A escola tem uma grande responsabilidade social uma grande importância na sociedade, exercendo o papel de agente transformador.
A educação deve ser articulada com a vida do educando, gerando o conhecimento interligado a prática, este conhecimento a serviço dos problemas dos educandos e a serviço da comunidade que está inserido.
Assim além da interdisciplinaridade seria necessário articularmos nossas experiências práticas com nossa vida escolar, isto seria bom para o melhor funcionamento da nossa prática social, o mesmo pode ocorrer com a escola, seguindo a amplitude da interdisciplinaridade o aluno poderá enxergar em suas experiências diárias, atitudes, fatos que poderão estar relacionados aos conhecimentos teóricos que adquiriu na escola.
Nilson José Machado e Vítor Henrique Paro relatam aspectos importantes ligados ao conhecimento prévio, a interdisciplinaridade que Paulo Freire também citava, a respeito da importância do conhecimento do contorno ecológico, social e econômico em que vivemos e trabalhamos como educadores, é o saber teórico que se junta ao saber teórico-prático da realidade concreta em que os alunos vivem, podendo assim questionar os problemas de moradia, transporte, saúde, alimentação, lazer e o meio social que envolve a todos, portanto longe de uma educação bancária a qual o autor sempre se referia, nesta relação interdisciplinar educador e educando estariam em um processo de aprendizagem mútua e global, e este processo ajudaria na melhoria da comunidade que acerca a escola.
As aprendizagens prévias portanto devem ser consideradas, pois constituem-se em instrumentos de leituras e interpretação, impostas como condição para novas aprendizagens, as quais requerem ação por parte do aluno.
Assim de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:
“..Os conhecimentos que se transmitem e se recriam na escola ganham sentido quando são produtos de uma construção dinâmica que se opera na interação constante entre o saber escolar e os demais saberes, entre o que o aluno aprende na escola e o que ele traz para a escola, num processo contínuo e permanente de aquisição, no qual interferem fatores políticos, sociais, culturais e psicológicos...”(P.46, 2000)
O professor deve ser o mediador do processo que resgatará as concepções espontâneas de seus alunos, ou seja as experiências de vida, a aprendizagem assistemática, os estudos na própria escola, para inteirá-las as suas e as contidas nos documentos de referência (livros, revistas cientificas, etc.) para construção do conhecimento científico., abandonando assim a figura de ser um mero transmissor de conhecimentos para ser mais um orientador, um estimulador de todos os processos que levam os alunos a construírem seus conceitos, valores, atitudes e habilidades que lhes permitam crescer como pessoas, como cidadãos e futuros trabalhadores, desempenhando uma influência verdadeiramente construtiva.
A Educação não deve apenas formar trabalhadores para as exigências do mercado de trabalho, mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado de exploração em um mercado que valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o conhecimento. Dentro deste contexto, é imprescindível proporcionar aos educandos uma compreensão racional do mundo que o cerca, levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente que ocupa.
Educadores e educadoras precisam engajar-se socialmente e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista.
Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas.
Para Freire o professor tem um papel fundamental na escola, pois ele é o agente difusor da mudança, de uma nova realidade de uma nova pedagogia
Assim sendo o aluno inicia uma nova aprendizagem escolar sempre a partir de conceitos, concepções, representações e conhecimentos que construiu em experiências anteriores, podendo contudo modificar a realidade existente.
A escola portanto deveria servIr ao aluno como parte de sua construção de vida, do todo, não como parte isolada e fragmentada, onde não se aplica o conhecimento obtido pelas disciplinas ao seu cotidiano.
Segundo Mônica Abranches em seu livro O Colegiado Escolar .a escola portanto seria uma das instâncias que circulam os mais variados interesses sociais, responsáveis pela formação da cidadania, formação de indivíduos, portanto sendo imprescindível a participação de todos em vários setores da comunidade e sua responsabilidade.
Em algumas escolas podemos citar a situação de precariedade que vivem alguns professores, devido aos baixos salários, pouco estímulos, jornadas duplas, etc, isto ocasiona um desânimo, que acaba refletindo no trabalho pedagógico do professor e até mesmo na desistência deles em participar de projetos e propostas diferenciadas.
Se queremos alcançar a educação utópica de Paulo Freire, uma escola democrática, uma escola cidadã, uma escola que se auto-administre, a produção dos conhecimentos escolares não podem ficar presos ou isolados na escola.
Segundo Moacir Gadotti;
“...a autogestão pedagógica é apenas uma preparação para a autogestão social...” P.18 GADOTTI.
Ou seja a escola, serve de base pára as crianças e se nela a criança encontra espaço para participar, opinar, em sua vida em conjunto com sua comunidade será mais fácil de se aplicar a autogestão participativa.
Para compreendermos a importância da integração da comunidade junto à escola, precisamos em um primeiro momento definir o significado da palavra “participação” que ganha bastante relevância ao que se refere às ações desenvolvidas nos aspectos da relação escola-comunidade.
A participação da comunidade nos mais diversos setores de instituição pública ou privada está sendo discutida e incentivada por muitos profissionais e teóricos de diversas áreas.
A organização da comunidade, é uma forma, um meio pelo qual os indivíduos ou a coletividade, influenciam os destinos das organizações. Seria uma foram de facilitar para que a população tenha um crescimento de sua consciência crítica, fortalecendo seu poder de reivindicação e para obter mais poder na sociedade.
Segundo Moacir Gadotti, o princípio da gestão democrática e a autonomia da escola se fazem com a participação e a democratização do sistema de ensino como forma mais prática de formação da cidadania.
A legislação educacional brasileira permite à comunidade escolar uma abertura de espaços para que possa iniciar um processo de participação na educação, citando ‘ A gestão democrática do ensino público...’(Art.206,inciso VI), e o artigo 53 da Lei n°8.069 /90, Estatuto da Criança e do Adolescente que diz :
“... direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”.(anotar outra lei)
Todo este aparato legal nos mostra a possibilidade da comunidade participar da gestão escolar.
Alguns requisitos seriam necessários na busca de uma escola melhor, mais participativa e realmente preocupada com os problemas que acercam, uma escola mais cidadã.
Primeiramente é de fundamental importância relatarmos ao que se refere o conceito de escola cidadã.
Nesta concepção de escola, o aluno seria sujeito da sua própria aprendizagem, atuando de modo inteligente, em busca da compreensão do mundo que o rodeia, criando e coordenando relações entre acontecimentos e objetos nos quais interage, portanto de forma alguma este aluno seria um elemento passivo, e nem o professor um simples difusor de um conhecimento repetitivo, pré-produzido e supostamente definitivo, nesta perspectiva o ser humano seria visto como algo em constante modificação, não sendo algo estático, pronto e acabado.
Segundo o MEC, Desporto da secretária da Educação a Distância, o Projeto Político Pedagógico deve ser construído com a colaboração de todos, escola, comunidade, alunos e os demais segmentos, todos na busca de uma escola mais democrática e participativa, portanto poderiam ser utilizados instrumentos de sondagem na própria comunidade para considerar todos os elementos que podem influenciar no processo educativo.

Segundo Vitor Henrique Paro a comunidade deve participar da gestão da escola para representar as suas reais necessidades, propor idéias para melhoria da comunidade e da escola, pois só assim a escola irá melhorar em vários aspectos e ultrapassar as imposições feitas pelo Estado.
“...a comunidade participa efetivamente da gestão da escola de modo a que esta ganhe autonomia em relação aos interesses dominantes representados pelo Estado...”P.40 Vitor Paro.
Paulo Freire dizia que ‘mudar a cara da escola pública implica também ouvir meninos e meninas, sociedades de bairro, pais, mães, diretoras, delegados de ensino, professoras, supervisoras, comunidade científica, zeladores, merendeiras (...). (1991, pág.35-37).
Para que a comunidade entre dentro da escola, possa ampliar a sua forma de participação, determinando um novo relacionamento com o espaço público, é preciso que esteja envolvida nas decisões para contribuir na elaboração, execução e controle nas atividades desenvolvidas no meio escolar.
Paro afirma
“... Entre os membros da população usuária da escola, foi possível perceber a consciência de alguns sobre o desinteresse do pessoal da escola em participar dos problemas da comunidade onde ela se encontra...”p.27.
Em algumas escolas podemos citar a situação de precariedade que vivem alguns professores, devido aos baixos salários, pouco estímulos, jornadas duplas, etc, isto ocasiona um desânimo, que acaba refletindo no trabalho pedagógico do professor e até mesmo na desistência deles em participar de projetos e propostas diferenciadas, assim é possível entender o porquê de muitas experiências não se concretizaram, pela falta de participação, devido à resistência de professores e coordenadores, pois os novos projetos representam uma atividade não remunerada além de ter a ausência progressiva dos pais, gerando outra vez um desestímulo, deixando assim o poder político tomando conta da participação comunitária
Para Nilson o Professor não deve criar projetos para os alunos, cada um tem seu ritmo suas diferenças, devemos incentivá-los, motivá-los a ultrapassarem seus limites respeitando a sua opinião, o seu ritmo, trabalhando sua autonomia.
Para Paulo Freire o professor deve ter uma nova postura na sala de aula, discutir, exigir a reinvenção, trabalhar sobre o educando.
O Papel do professor e de mediador, promovendo o entendimento das diferenças, não camuflando os conflitos e nem sendo um reprodutor das diferenças.

Para o envolvimento da comunidade nas ações da escola, deve-se determinar a forma, a representatividade, os meios de reforços e o impacto dessa participação no desenvolvimento da educação ou da educação no desenvolvimento nesta comunidade.
Paro ainda diz :
“A participação da comunidade na escola como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação”. Pág.17-18.
Seria necessário investigar as reais necessidades da escola e da comunidade para traçar metas que mesmo em longo prazo, possam concretizar uma ação efetiva e necessária para ambas, mesmo que isso requeira paciência, mas que pelo lado positivo possibilita a cooperação de todos.
Citando Gadotti:
“valorização da cultura da sua própria comunidade... Ampliar a autonomia da escola significa também estimular a criatividade e a inventividade social” pg.42-43.
Entendemos que quando uma escola valoriza a cultura da comunidade analisando seus problemas do cotidiano, contribui-se para que essa comunidade se expresse e desenvolva sua criatividade, tomando consciência da necessidade de mudança da realidade que está inserida, fortalecendo o trabalho escolar e possibilitando a transformação na sociedade.
Uma forma eficiente e necessária de participação da comunidade na escola é a sua colaboração na construção do projeto político pedagógico que acontece por meio da sua participação no Conselho de Escola.
O MEC e o Desporto da Secretaria de Educação a Distancia afirmam que:
“Por meio do Conselho de Escola, a população poderá controlar a qualidade de um serviço prestado pelo Estado, ou seja, poderá definir e acompanhar a educação que lhe é oferecida”.Pág.44.
Nesta passagem, esclarecem que se a população participa e se envolve nos diversos assuntos escolares, ela promove idéias e consegue ir de encontro ao governo para reivindicar seus direitos e o que busca para sua região, tanto em questões sociais como políticas e educacionais.A comunidade tem maiores chances de conquistar seu espaço, lutar e fazer sua própria história participando de forma mais efetiva através das APMS e o do Conselho de Escola, mas também precisa estar aberta para que isso ocorra, não se envolvendo apenas de forma assistencialista ou somente por condição de tempo.
Segundo César Munõz, “Uma nação é democrática na medida que seus cidadãos participam, especialmente em nível comunitário. A confiança e a competência para participar devem ser adquiridas gradativamente com a prática”.Pág8.Participando todos em ações concretas permite-se a construção de um país democrático.Munõz cita também que “Participação Cidadã é sinônimo de partilha das decisões que afetam a própria vida do indivíduo e da comunidade”.
A educação será sempre de essencial importância para contribuir com o despertar dos cidadãos para se tornarem conscientes de seus reais direitos e deveres, e em se tratando de conscientização consideramos o que Paulo Freire ratifica em seu entendimento “contra toda a força do discurso fatalista neoliberal... como um esforço de conhecimento crítico dos obstáculos”.Esta pedagogia da conscientização possibilita a superação das práticas tradicionalmente instituídas e usualmente inquestionadas.Quando desenvolvemos ações em um espaço entre o sonhado e o realizado, abrimos possibilidades para construírem propostas transformadoras que ainda não foram inventadas, mas que são possíveis e plenamente viáveis.
Para Mônica Abranches através desta integração,participando, atuando,nas decisões, ainda necessitaríamos quebrar alguns desafios, diante da falta de informações, conhecimentos, melhor preparação política, para que assim pudessem interferir, ouvir, ver e exercitar a sua cidadania nos diferentes campos.

Participar não deve significar colaborar mas sim exercer.
Com a intensa participação na escola, a visão torna-se específica, e o apoio geral, melhorando significamente a relação da escola com a comunidade, dos pais com seus filhos,etc.
Capitulo II: Análise do Projeto Político Pedagógico da escola e a Participação da Comunidade.

Neste Capítulo apresentaremos uma análise da participação da comunidade na construção do Projeto Político-Pedagógico da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles do ano de 2007, respondendo algumas questões centrais, como, qual é a participação da comunidade na elaboração do Projeto Político Pedagógico e qual a sua importância?.
Começamos a pesquisa de campo através de nosso estágio de observação realizado na escola Campos Salles no começo do mês de outubro deste ano (2008), no qual solicitamos o Projeto Político-Pedagógico deste mesmo ano, para análise documental e para integrá-lo ao nosso trabalho de pesquisa.
De início a coordenadora nos mostrou uma pasta grande com vários papéis que segundo ela seriam o PPP do ano de 2008 que ainda não estava pronto, por este motivo nos entregou para análise o Projeto Político Pedagógico de 2007, este que não poderia sair da unidade ou tirar fotocópia, portanto tivemos que realizar toda a análise documental na unidade escolar.
Para Veigas, o Projeto Político Pedagógico é uma ação intencional definida coletivamente que busca um rumo, uma direção e não apenas um “agrupamento de planos de ensino e de atividades” e deve estar em processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da escola para buscar alternativas que atinjam sua intencionalidade.
A direção da EMEF Presidente Campos Salles consciente da importância de sua integração junto à comunidade, adequando a ela seu trabalho de atendimento educacional para ajudá-la a crescer e enfrentar seus problemas sociais, considerando também a formação do cidadão solidário, responsável e autônomo para sua melhor inserção no ambiente social, vem construindo seu Projeto Político Pedagógico de forma coletiva com a participação de representantes da comunidade e dos membros da escola.
Essa idéia de participação coletiva é citada também no Regimento da escola, artigo 99, subseção I do Conselho de professores
“O conselho de Escola terá natureza deliberativa, cabendo lhe estabelecer para o âmbito da escola diretrizes e critérios gerais relativos à sua ação, organização, funcionamento com a comunidade, compatíveis com as orientações e diretrizes da Política Educacional da Secretaria Municipal de Educação e do Projeto Pedagógico, participando e responsabilizando-se social e coletivamente pela implementação e de suas deliberações.”-(pg.30 2007)

Se o Projeto Político Pedagógico é uma ação coletiva, entendemos como coletivo a comunidade escolar (pais, alunos, professores, funcionários, coordenadores e outras pessoas que moram próximo à escola), como esta coletividade não pode ver o que se foi produzido e planejado com a colaboração deles mesmos? Qual seria a autonomia desta escola na difusão da produção do seu conhecimento?
Segundo o Manual de Normas e Procedimentos da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, na parte sobre o Projeto Político-Pedagógico, diz:
“A LDB confere a cada Unidade Educacional a responsabilidade de elaborar o seu projeto pedagógico, considerando as características que lhe são próprias,a realidade à qual está inserida, respeitada a legislação pertinente em
vigor e as diretrizes da Secretaria Municipal de Educação.”
(...)
Não há regras rígidas para a elaboração do Projeto Pedagógico. Ele deve ser concebido coletivamente por toda comunidade educativa, ter objetivos, metas e prioridades claramente definidas e centradas nos alunos, visando à melhoria da qualidade de ensino e do processo de aprendizagem, favorecer o desenvolvimento das atividades de formação dos educadores e intervir na ação curricular e na organização do espaço e tempo escolares.” ( P. 476, 2007)
Sobre participação da comunidade na tomada de decisão sobre o Projeto, o PPP cita em sua apresentação:
“(...) foi apresentada para as lideranças da comunidade de Heliópolis para um grupo de cem jovens participantes dos projetos da UNAS , para os alunos e professores da Escola.Este processo de apresentação e discussão culminou com a reunião do conselho de escola no dia 27/09/2005.Participaram da reunião mais de sessenta pessoas, sendo que deste número apenas 21 delas eram conselheiras.Este fato é muito importante porque revela a forte relação da escola com a comunidade e que o conselho não se restringe apenas aos 28 membros efetivos que no dia eram 21 pois seis haviam faltado.A reunião teve duração de três horas, foi aprovada pelo voto dos 21 conselheiros, foram feitas restrições à proposta apenas por um professor.” (PPP. P.11 , 2007)
Um Projeto Político-Pedagógico deve atender aos interesses reais e coletivos da população, assumindo um compromisso sociopolítico com o intuito de formar cidadãos para um determinado tipo de sociedade. Sua função pedagógica está relacionada com todas as ações educativas que são realizadas na escola para formação de cidadãos participativos, compromissados, críticos e criativos.
Veigas afirma que a construção deste projeto assume um caráter democrático ao possibilitar a “participação de todos os membros da comunidade escolar e o exercício da cidadania”. Sua concepção está relacionada com a “própria essência do trabalho que a escola desenvolve no âmbito de seu contexto histórico.” (P.?? ANO)
O Projeto Político Pedagógico – PPP foi inspirado nas Escolas: EMEF Desembargador Amorin Lima localizada no bairro do Butantã em São Paulo e na Escola da Ponte em Portugal, as duas escolas apresentam em seu projeto pedagógico uma escola aberta com ideais democráticos e de liberdade, onde o aluno está no centro do processo de ensino.
Os princípios que norteiam o PPP são três; Escola como centro de liderança, Tudo passa pela educação, Relevância da participação da comunidade no projeto político Pedagógico.
A EMEF Presidente Campos Salles em seu Projeto Político-Pedagógico considera outros princípios que são vivenciados “nas atividades desenvolvidas no cotidiano escolar pela maioria dos alunos e também pelos profissionais que trabalham na escola” (P.11 2007) como: Autonomia, Responsabilidade e Solidariedade, princípios estes da escola da Ponte em Portugal.
Para responder a esta e outras perguntas que surgiram com a análise do Projeto Político-Pedagógico da escola, voltamos à escola para realizarmos as entrevistas, dialogando assim com os protagonistas que vivenciam na prática a integração da escola e da comunidade.
A proposta da EMEF Campos Salles foi trocar o método da lousa e livros didático, por roteiros de estudos, que seriam elaborados por uma comissão de professores de diferentes matérias e os alunos não seriam mais separados por paredes físicas e sentados em fileiras um atrás do outro, mas sim agrupados em um grande salão, e sentados em grupo, os alunos, portanto teriam aulas específicas a cada quinze dias e teriam um roteiro de estudos com questões para responder e poderiam neste período contar com a ajuda dos professores de diferentes matérias na resolução do roteiro.
Para a EMEF Campos Salles a integração comunidade escola é considerada também como um dos seus princípios no projeto.
Entendemos que a escola é um sistema complexo e ambíguo e que cada um destes princípios estão ligados aos outros e se estamos defendendo uma escola democrática que entenda seu currículo como um todo sem divisões, compreendemos também que todos os princípios adotados pela escola são também de grande importância para a pesquisa.
No Projeto Político-Pedagógico da EMEF Campos Salles no item 5.12 defende seu papel na comunidade como centro de liderança:
“ Com a pretensão de ser neutra a escola pública, acabou abdicando-se da liderança que havia de exercer na comunidade em que atua.Passou a trabalhar então com um aluno descontextualizado, atuando isoladamente, a escola não é capaz de romper com os roteiros previamente estruturados , com a repetição, com a exclusão social, com os mecanismos da construção psico-social da subalternidade. Como sair desse impasse?” (2007 P.10)
Para a EMEF Presidente Campos Salles é fundamental a participação na comunidade de forma atuante para formar seu aluno como um cidadão participativo na sociedade, a escola entende a educação com intenção política.
Como já dizia Aristóteles:
“O Homem animal político”, pois todas suas ações se dão de forma intencional e nas relações sócias, ou seja há uma intenção premeditada nas relações sociais para atingir determinados fins, no caso da EMEF Campos Salles sua intenção é a formação de seus alunos para um tipo de sociedade, esta formação esta descrita nos objetivos do curso de ensino fundamental e nos objetivos gerais da escola, que podemos resumir na formação de alunos autônomos,críticos e participativos.
Para que isto ocorra a direção da EMEF Presidente Campos Salles, assim como o conjunto de pessoas que compõem a unidade escolar devem vivenciar estes tipos de relações na prática.
A escola tem uma preocupação em inserir a comunidade em seu projeto, durante todo o Projeto Político Pedagógico, as ações são voltadas para esta interação, percebemos que a escola está aberta para a comunidade, para os seus alunos,isto também foi percebido nas observações e visitas realizadas por nós na escola.
Ao chegarmos na escola não encontramos portões fechados, grades ou outra coisa que iniba a fuga dos alunos da escola, o famoso “cabular aula”, ao contrário, os portões permanecem abertos e encontramos alunos dentro da escola, estão lá por que querem estudar, estão por toda parte, na coordenação, no pátio, na sala, inclusive conversando com diretores e coordenadores sempre que necessário, aparentemente não há uma hierarquia e relações de superioridade, mas o que demonstra ocorrer são relações de horizontalidade.
Esta escola não lembra a escola tradicional cheias de grades, muros altos,nos quais cada aluno obedecia sem questionar, uma escola que predominava o medo dos desafios, medo que os alunos fossem embora ou que a violência de fora entrasse na escola.
Consciente da importância de sua integração junto à comunidade, considerando a formação do cidadão solidário, responsável e autônomo para sua melhor inserção no ambiente social, a construção do Projeto Político Pedagógico tem a participação de representantes da comunidade e dos membros da escola.
As regras da escola Campos Salles são as mesmas de qualquer escola, mas os alunos as cumprem, não pelo fato de serem obrigados ou ameaçados por algumas das penalidades tão conhecidas como por exemplo uma advertência ou uma suspensão, a maioria deles cumprem pois sabem o motivo de sua existência, compreendem as regras e atribuem sentido e significado também.
A Lei de Diretrizes e Bases no seu artigo 3º sobre os princípios do ensino nacional, em seus inciso II e IV falam sobre a liberdade de aprender e de expressão;
“ II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância.”
A escola Campos Salles especifica melhor esta liberdade em suas ações, no Projeto Político Pedagógico relata sobre a liberdade:
“Uma pessoa autônoma é uma pessoa livre, mas uma pessoa livre só pode fazer aquilo pelo qual possa responsabilizar-se e o que faz não pode prejudicar o outro” (P. 11, 2007).
A liberdade aqui vem com a responsabilidade, ela não é algo que ganha-se, mas conquista-se, pois a coloca como sinônimo de autonomia. Autonomia como explicamos no capitulo anterior é o sujeito que saí da alienação do mundo capitalista, tem liberdade de suas próprias ações sem as amarras da sociedade alienante.
Como integrar a escola á comunidade e oferecer a estes a participação para opinar nas decisões da escola sem que os alunos sintam-se livres , pois são eles a forma de comunicação mais rápida e eficaz entre a escola e as famílias. A escola antes de abrir-se para a comunidade, primeiramente ela se abriu para os alunos.
A partir de observações que foram realizadas durante o estágio e durante as visitas a escola, notamos que a EMEF Campos Salles quer formar alunos mais autônomos, mais críticos e participativos, não somente no conhecimento teórico, na resolução e pesquisa dos roteiros mas também na resolução de atividades e problemas rotineiros, como por exemplo brigas entre alunos na sala de aula, o uso indevido de aparelhos eletroeletrônicos entre outras coisas, para isto cada sala tem uma comissão que foi eleita, segundo a coordenadora de forma popular,no qual ficam incumbidos de solucionar, ou propor alguma maneira de resolver o problema ou o assunto discutido, gerando nos alunos espírito crítico e assim a proposta da escola se concretiza ao que diz na Lei de Diretrizes e Bases da Educação escolar , uma educação voltada para o mundo do trabalho e á prática social.
A escola procura inserir a comunidade em seu trabalho social e educativo, para que ela participe cada vez mais das atividades escolares, envolvendo-a principalmente em trabalhos artísticos possibilitando a junção da educação e da arte para que resista e transforme seu discurso de vítima e reaja à violência explorada pela mídia dando apoio para que a escola seja agente de transformação social, como afirma a artista plástica Lilian Amaral, coordenadora do projeto Arte na Escola Cidadã 2000, na qual a escola foi a grande vencedora do prêmio com a apresentação do projeto multidimensional desenvolvido desde 1997 em que possibilitou uma avaliação nas perspectivas de alunos, professores, direção da escola, comunidade e sua relação com a mídia. Com estas iniciativas acreditamos ser possível também para a escola diagnosticar seus principais problemas.
As atividades escolares são voltadas para melhor entender à comunidade e seus problemas, como visitas domiciliares, o estudo da história da comunidade pelos alunos, este tipo de trabalho gera um diferencial em relação a outras escolas, proporcionando um conhecimento mais amplo das características de seus alunos, bem como de sua comunidade, possibilitando melhorias nas metodologias para a aprendizagem destes alunos.
Os professores convivem com os alunos durante um ou mais anos, mas não sabem onde moram, os enxergam simplesmente como alunos que vem para a escola somente para receber o conteúdo que desejam transmitir, sendo depositário do conhecimento, como se não estivessem cientes do que ocorre ao seu redor, como por exemplo, os por quês das notas baixas, das desigualdades sociais, o porquê das suas limitações e dificuldades de aprendizagem e a escola e os professores muitas vezes ignoram a diversidade de alunos que possuem ritmos diferentes, características diferentes entre outras especificidades.
Um dos subitens que está no Projeto Político Pedagógico, diz respeito à clientela, sendo fundamental que a Escola conheça o contexto social de sua vizinhança e desta clientela a que serve, conhecendo também a comunidade em que está inserida a fim de propor melhorias para os educandos e consecutivamente para a comunidade, suas necessidades, potencialidades expectativas, adequando a elas seu trabalho de atendimento educacional, é a única forma possível para a Escola atender às suas finalidades – formar cidadãos, conscientes e capazes, fornecendo ainda os conteúdos e habilidades necessários à sua melhor inserção no ambiente social.
Assim é possível salientarmos que a escola possui um Projeto Político Pedagógico com princípios e valores diferentes das demais escolas, preocupando-se muito mais com o seu entorno, com a formação do aluno para além da sala de aula, uma educação mais aberta para a prática social, para a vida , para a cidadania teoricamente falando, no capítulo seguinte iremos confrontar a teoria com a prática vivenciada a partir das entrevistas.






























Capítulo III- Dialogando com os Protagonistas

É NECESSÁRIO COMPARARMOS A ENTREVISTA COM O QUE DIZ O PPP MESMO AS ENTREVISTADAS NÃO CONHECENDO O PPP?

Neste capítulo, faremos uma análise de acordo com a prática que observamos nos momentos de entrevista com representantes de vários segmentos, alunos, professores, representantes da comunidade, coordenadores pedagógicos, e com a supervisora de ensino.
Gostaríamos de salientar que as entrevistas não têm o objetivo de quantificar, somente têm o objetivo de qualificar a prática que foi observada na escola, esta prática que será comprovada com a analise das entrevistas que constará neste terceiro capítulo do nosso trabalho de pesquisa.
As entrevistas ocorreram na própria escola, objeto de estudo, na comunidade ao redor Heliópolis, São João Clímaco, e na Diretoria Regional de Ensino do Ipiranga, com a supervisora de ensino,em todas as entrevistas, fomos bem recebidas e inclusive nos sentimos bastante a vontade para realizá-las.
Nos cabe pontuar alguns aspectos da entrevista que observamos, entrevistamos um representante de cada segmento para poder relatar as diferentes opiniões a respeito da proposta da EMEF Campos Salles, e da sua experiência em unir a escola e a comunidade e vice versa.
A aluna que entrevistamos, Angélica, por coincidência é uma das alunas que conversamos na primeira visita a EMEF Campos Salles, juntamente com o outro quarto ano de Pedagogia, e de inicio ela nos havia relatado somente aspectos positivos da escola, como na entrevista atual.
A aluna mostrou-se muito otimista e aplicada, inclusive nos relatou durante toda a entrevista que é a favor desta nova metodologia de roteiros de atividades, ao invés do ensino tradicional da lousa das cópias e dos livros, ela nos afirmou que aprende muito mais assim, não somente com o conhecimento científico mas também com valores, atitudes e princípios que são observados por ela o tempo todo na escola, valores estes que a possibilita aplicar em seu dia a dia, gerando assim uma cidadã melhor, mais autônoma pois a mesma nos relatou também em sua entrevista que costuma pesquisar os assuntos abordados nos roteiros em livros, revistas entre outros, despertando assim o senso crítico a autonomia e o sentido solidário na ajuda oferecida aos colegas ao término dos roteiros,atingindo o objetivo da escola.
Este capítulo mostra-se bastante interessante pela oportunidade de comparáramos as opiniões dos diferentes protagonistas, que lutam e se dedicam para a melhoria da educação no âmbito escolar e comunitário, gerando opiniões diferentes sobre aspectos interessantes que nos cabem pontuar neste nosso trabalho de pesquisa.
A aluna entrevistada desconhecia a existência do Projeto Político Pedagógico, mas nos afirmou que toda decisão importante que precisa ser tomada pela escola, é repassada para os alunos pelo diretor, pela equipe de coordenação entre outros, a jornalista entrevistada também desconhecia o projeto político pedagógico, visto que trabalhava mais na disseminação das idéias da escola e da comunidade, utilizando-se de recursos ligados a comunicação,a supervisora de ensino que também foi entrevistada
A outra entrevista foi realizada com a professora Delma, Professora de Matemática no EJA no período noturno, a partir desta entrevista podemos notar uma posição mais defensiva da professora, manifestando algumas dúvidas e receios diante da implantação e concretização do projeto em diferentes períodos e idades.
A professora mostrou-se bastante receosa, com relação ao ensino fundamental, registrou sua opinião a respeito da implantação do projeto com alunos desta faixa etária como sendo preocupante visto que nesta idade ainda é necessário lidar com problemas disciplinares e ela também acredita que para os próprios alunos é difícil está adaptação ao novo projeto, visto que ele oferece muita autonomia aos alunos, esta autonomia que ela acredita que eles ainda não conseguem lidar e usufruir.
Portanto a professora frizou bem que o seu maior interesse mesmo é lidar com alunos da educação de jovens e adultos, pois mostram-se mais interessados em participar da aula, em aprender, mesmo superando diversas barreiras como dificuldades em se concentrar, em ouvir a explicação entre outros, na EJA a professora pontua como um aspecto positivo principalmente não ter que lidar com a indisciplina.
Outro fator importante que nos chamou atenção, foi o relato da professora em relação a implantação do projeto, ela nos relatou que o projeto foi implantado, de uma forma um pouco imposta, pela direção e pela coordenação, não foi dada voz ativa para os professores e alunos, sendo uma decisão um pouco elitizada de acordo com a visão da professora, ou seja, assim sendo contra os princípios da própria escola, que seriam implantados depois.
OPINIAO COM RELAÇÃO A ESCOLA COMUNIDADE???e projetos que ela conhece
A professora confirmou o relato da aluna no que diz respeito a união a solidariedade dos alunos, uns com os outros e entre os demais funcionários, e também ressaltou a importância dos roteiros de estudo, pois fazem os professores ficarem mais unidos e engajados na proposta da escola, assim fazendo o conteúdo científico ter mais sentido para os alunos.
Entrevistamos também a coordenadora pedagógica Amélia, muito simpática inclusive nos recebeu de uma forma muito boa, e esteve disposta a nos ajudar sempre que preciso.
A coordenadora pedagógica apresentou uma visão bastante positiva sobre o projeto inclusive, mostrou-se bastante consciente com relação ao projeto, suas dificuldades e seus avanços, inclusive pontuando-os sem esconder as reais dificuldades, como a dificuldade dos alunos para lidarem com a autonomia proporcionada na escola, visto que anteriormente eles não possuíam tamanha abertura, portanto de acordo com ela está seria uma mudança natural que as crianças passariam, um ponto que desconhecíamos até então .
Outro fator importante que foi extremamente citado, tanto pela coordenadora pedagógica,pela professora, pela jornalista, e pela supervisora de ensino foi referente a dificuldade com os professores, que não acreditam no projeto e que devido a normas burocráticas impostas pela diretoria regional de ensino, obrigam aqueles que não acreditam nos princípios, que não são adeptos da metodologia da escola, lecionarem lá ao invés de chamarem os professores realmente interessados, dificultando na realização do projeto, outro problema também é no que diz respeito as horas trabalhadas, pois existem professores que trabalham o período integral e outros que trabalham somente meio período, dificultando na elaboração dos roteiros entre todos os professores.
Este problema é bastante significativo visto que a idéia do projeto está em integrar as disciplinas através de roteiros, portanto se o professor não acredita no projeto, na formação do aluno crítico, autônomo, solidário e nem nos princípios da escola, dificilmente a elaboração destes roteiros ocorrerá de uma forma boa, e interdisciplinar, ocasionando assim um trabalho fragmentado justamente o que a escola não queria e longe de cumprir e respeitar os princípios da escola.
Uma questão de fundamental importância é referente ao desconhecimento por parte da aluna entrevistada e da professora em relação ao Projeto Político Pedagógico da escola, ambas afirmaram não conhecer o Projeto e nem a respeito da sua elaboração, este ponto ,merece destaque pois o Projeto Político Pedagógico da escola é a sua “alma” e contém os registros dos projetos, das metodologias, e disposições a serem cumpridas naquele ano, portanto dois dos importantes protagonistas escolares desconhecerem este projeto nos mostra um ponto significativamente falho da direção e administração escolar.
Um ponto interessante no relato da coordenadora pedagógica é a respeito da indisciplina, problema comum na maioria das escolas, na EMEF Campos Salles os problemas indisciplinares mais comuns no turno matutino e vespertino do que no EJA são resolvidos de forma tradicional através do diálogo, a diferença é que os alunos seguem mais as ordens até mesmo porque as mesmas foram criadas por eles, portanto fica mais cabível seguir estas regras e normas afinal foram decididas através de um consenso, pelos conselhos de alunos em combinação com a direção e conselhos de pais entre outros.
Através dos relatos também foi possível concluirmos que há uma efetiva participação maior nos turnos matutino e vespertino, ensino fundamental para crianças e adolescentes, pois os pais participam verdadeiramente segundo a coordenadora nas reuniões, nos projetos nas parcerias escola e comunidade entre outros, já no turno noturno esta participação fica mais limitada porque a maioria dos jovens e adultos trabalham fora de casa e em casa inclusive não restando tempo para envolver-se nos projetos entre a escola a comunidade, bem como conselhos escolares entre outros.
As entrevistadas confirmam a maior parceria da EMEF Campos Salles com a UNAS a União de Núcleos Associações e Sociedades de Heliópolis e São João Climaco (UNAS) que se trata de uma união de lideranças,associações e entidades, a UNAS oferece diversas possibilidades de projetos e integração com a comunidade do Heliópolis e as escolas e entidades do bairro, gerando sempre resultados positivos, como a criação de projetos,telecentros, bibliotecas comunitárias, a construção de quadras poliesportivas, creches e inclusive para 2009 um complexo educacional, que segundo a coordenadora pedagógica Amélia será composto por três creches, uma escola técnica, praças para o lazer, uma EMEI, uma orquestra que disponibilizará aulas de dança, música e cultura, todas estas instituições serão baseadas nos principios da escola Campos Salles, que ficará no centro destas instituições, alguns dos projetos que podemos citar são o projeto agente jovem,
As lideranças da UNAS são eleitas pelos moradores, a sede da associação esta localizada na Rua Minas, 38. Um prédio onde funciona a parte financeira e administrativa, também há no local assistência jurídica e orientação para os moradores.
Por estar inserida na maior metrópole do país, a Favela de Heliópolis está submetida às questões ligadas à violência, ao tráfico de drogas, ao crime organizado e às situações mais graves como a desestruturação familiar e ao desemprego em maior proporção, estando assim a margem da sociedade
. Em decorrência de tantos fatores que influenciam no cotidiano da favela é necessário um maior investimento público, privado e institucional para que possamos gradativamente modificar a realidade desta comunidade, a UNAS em parceria com a EMEF Campos Salles é uma das maneiras encontradas pelos moradores e pelas lideranças para reduzir estes índices contribuindo significativamente para a melhoria da educação, melhoria das condições de vida desta comunidade. (Fonte do site: http://www.independenciaoumorte.com.br/node/759)

Uma das iniciativas da escola que mais foi citada nas entrevistas foi a caminhada da paz, uma caminhada que foi criada para amenizar a violência no bairro, principalmente ápos a morte de uma adolescente na porta da escola, através desta caminhada e da parceria da escola com as lideranças do bairro, a violência diminuiu um pouco, pois a população sentiu-se como parte integrante da escola e a escola como parte integrante da comunidade.
Realizamos também a entrevista com a supervisora de ensino da Diretoria Regional do Ipiranga, zona sul de São Paulo, ela nos relatou fatos interessantes sobre a proposta da escola e sobre a integração com a comunidade do Heliópolis, e São João Clímaco, diante de um ponto de vista hierárquico.
Portanto a partir da análise das entrevistas podemos perceber que temos alguns pontos falhos, como em qualquer outro projeto em fase de implantação, mas é uma possível solução para nos livrarmos das amarras da educação para opressão, uma educação para a reprodução, de métodos e práticas ultrapassadas e descontextualizada,da prática vivenciada no cotidiano destas crianças, jovens e adultos.
A representante da comunidade a jornalista Laís,e a supervisora de ensino Denise nos relataram em suas entrevistas, algo em que concordamos referente ao projeto, mesmo sendo um projeto em fase de implantação, como sabemos que é , a escola, bem como seus membros, diretor, coordenadoras, alunos , pais e comunidade, resolveu modificar a realidade educacional daquele bairro, inovando e propondo melhorias para aquela comunidade e naquele momento, ao invés de somente criticar e reclamar, todos os membros uniram forças para tentar modificar a realidade que os rodeava, acreditando, no projeto em seus princípios e principalmente na força da comunidade, a escola diante desta concepção parou de preocupar-se somente com ela mesma, suas limitações,as dificuldades d eum projeto deste tipo diante da rede educacional de ensino das escolas municipais, dificuldades ligadas as amarras das paredes e muros e passou a preocupar-se com o todo, com a formação cidadã destes educandos e que tipo de sociedade eles viveriam se a educação continuasse a ser tratada como estava, portanto este é o diferencial da nossa escola objeto de estudo.
Quando o aluno nota esta preocupação da escola diante das dificuldades que os cercam em sua vida social, o aluno passa a preocupar-se mais também com a escola.
Esta observação também foi feita durante todas as entrevistas, o interessante também foi que todas as pessoas entrevistadas não falaram somente a respeito dos aspectos positivos, como também pontuaram aspectos negativos, algumas dificuldades, consideradas normais em se tratando de um projeto tão inovador quanto o realizado na EMEF Campos Salles.































Conclusão

A partir deste trabalho de pesquisa científica, possibilitou-nos um melhor conhecimento tanto prático como teórico a respeito desta nova proposta implantada pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles.
A nossa hipótese era :
Que tipos de alunos serão formados a partir da vivência de um projeto de integração entre a escola e a comunidade?
Acreditamos que faltaram-se dados para a análise da nossa hipótese, visto que os sujeitos principais do nosso trabalho, os protagonistas eram os professores, alunos e a comunidade, os alunos em específico em maior quantidade visto que todos trabalhamos para uma melhoria e para uma mudança no ensino e na aprendizagem deles.
O fato é que durante nossas observações foi possível notarmos uma certa autonomia, criticidade, solidariedade e respeito mas não o suficiente para pontuarmos e para afirmarmos positivamente que existem.
Inclusive durante as entrevistas realizadas infelizmente não foi possível entrevistarmos alunos dos diversos turnos, somente entrevistando uma aluna do período noturno, portanto jovem e adulta, apresentando uma visão diferente dos alunos do período matutino e vespertino, e os alunso que participaram da comissõa e ajudaram na elaboração do PPP também não foi possível encontrarmos, causando um déficit de conteúdos a serem analisados no nosso trabalho.